domingo, 29 de agosto de 2021

Quem não deve, não teme

 

Quem não deve, não teme

 

Péricles Capanema

 

Uma pedra no caminho. Desde que assumiu a primeira magistratura, o presidente Joe Biden tem comandado intensa campanha contra a disseminação da COVID-19. Um dos aspectos desse empenho é estimular os esforços da comunidade científica para conhecer a origem dela. Duas linhas de suposições de momento presentam probabilidade: a variante que contaminou a humanidade veio de um animal, quem sabe o morcego, hospedeiro do coronavírus; ou, o vírus contaminador teve origem em um laboratório de onde terá escapado advertida ou inadvertidamente.

 

A busca da origem. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem peritos pesquisando a origem da pandemia. O governo dos Estados Unidos também designou especialistas para tal trabalho e ainda direcionou esforços de sua comunidade de inteligência. É natural que os trabalhos tenham como foco a China, país de onde proveio a doença. Surge o problema, como a China é país de partido único, tem ditadura totalitária exercida com mão de ferro pelo Partido Comunista Chinês (PCC), tudo irá depender da boa vontade e cooperação do PCC. E, desde o início da pesquisa, o PCC [ou o governo chinês, a mesma coisa] não coopera, põe obstáculos às investigações a toda hora.

 

Quem não deve, não teme. Semanas atrás, o dr. Gauden Galea, representante da Organização Mundial de Saúde na China informou à imprensa que a OMS não havia sido convidada para participar da investigação nacional chinesa sobre as origens da COVID-19. De outro modo, o governo chinês excluiu a OMS da pesquisa. Por seu lado, meses atrás, o presidente Joe Biden concedeu 90 dias de prazo à comunidade de inteligência norte-americana para pesquisar as origens da COVID-19, com ou sem a cooperação do governo chinês. As autoridades em Pequim reagiram acidamente, afirmando que o governo dos Estados Unidos queria politizar o assunto. Zhao Lijian, porta-voz do ministério do Exterior da China declarou: “A procura das origens do COVID-19 é assunto científico sério e entretanto o governo dos Estados Unidos determinou aos serviços de inteligência que tenham papel determinante na pesquisa. Tal atitude prova que os fatos e a verdade são a última coisa com os quais se preocupam os Estados Unidos. Eles têm interesse zero na pesquisa científica, procuram apenas manipular politicamente o tema, procuram bodes expiatórios”. O bode expiatório, no caso, é claro, seria o governo chinês.

 

O relatório inconclusivo. O fato é que na última semana de agosto o presidente Joe Biden recebeu o relatório solicitado aos serviços de informação. O texto não é conclusivo sobre a origem do vírus; reitera ainda, o governo chinês não aceita cooperar com a pesquisa. E Pequim, para não deixar dúvida, reafirmou em 25 de agosto último que não permitirá pesquisas independentes e com total liberdade a respeito. Washington está certo que o governo chinês esconde dados. Um alto funcionário declarou à Newsweek: “O vírus teve origem na China e a China tem informações que não compartilha com o mundo o que conhece sobre sua origem e são dados de que necessitamos para evitar a próxima pandemia”.

 

Inconformidade de Joe Biden. Em 27 de agosto a Casa Branca divulgou comunicado a respeito do presidente dos Estados Unidos: “Recebi o relatório da comunidade de inteligência sobre as origens do COVID-19. Existe informação fundamental sobre as origens da pandemia na República Popular da China e desde o começo funcionários do governo têm trabalhado para evitar que investigadores internacionais e membros da comunidade mundial da saúde os conheçam. Até agora o governo chinês mantém a política de segurar informações e evitar a transparência. O mundo merece respostas e não descansarei até obtê-las. Os Estados Unidos continuarão trabalhando com parceiros de igual opinião no mundo inteiro e pressionarão o governo chinês para compartilhar informações e cooperar com os esforços da fase 2 da OMS. Precisamos ter em mãos total e transparente balanço da tragédia. Nada fora disso é aceitável”

 

Tensão Estados Unidos versus China. A posição firme do governo dos Estados Unidos prenuncia aumento de tensões entre os dois países, pois na presente situação é improvável o recuo do governo chinês. Firmeza aqui representa avanço, perspectivas menos sombrias, combate à pandemia casado coma defesa das liberdades. Abre esperanças.

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