Quem não deve, não teme
Péricles Capanema
Uma pedra no caminho. Desde que assumiu a primeira magistratura, o
presidente Joe Biden tem comandado intensa campanha contra a disseminação da
COVID-19. Um dos aspectos desse empenho é estimular os esforços da comunidade
científica para conhecer a origem dela. Duas linhas de suposições de momento presentam
probabilidade: a variante que contaminou a humanidade veio de um animal, quem
sabe o morcego, hospedeiro do coronavírus; ou, o vírus contaminador teve origem
em um laboratório de onde terá escapado advertida ou inadvertidamente.
A busca da origem.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem peritos pesquisando a origem da
pandemia. O governo dos Estados Unidos também designou especialistas para tal
trabalho e ainda direcionou esforços de sua comunidade de inteligência. É
natural que os trabalhos tenham como foco a China, país de onde proveio a
doença. Surge o problema, como a China é país de partido único, tem ditadura
totalitária exercida com mão de ferro pelo Partido Comunista Chinês (PCC), tudo
irá depender da boa vontade e cooperação do PCC. E, desde o início da pesquisa,
o PCC [ou o governo chinês, a mesma coisa] não coopera, põe obstáculos às
investigações a toda hora.
Quem não deve, não teme. Semanas atrás, o dr. Gauden Galea, representante
da Organização Mundial de Saúde na China informou à imprensa que a OMS não
havia sido convidada para participar da investigação nacional chinesa sobre as
origens da COVID-19. De outro modo, o governo chinês excluiu a OMS da pesquisa.
Por seu lado, meses atrás, o presidente Joe Biden concedeu 90 dias de prazo à
comunidade de inteligência norte-americana para pesquisar as origens da
COVID-19, com ou sem a cooperação do governo chinês. As autoridades em Pequim
reagiram acidamente, afirmando que o governo dos Estados Unidos queria
politizar o assunto. Zhao Lijian, porta-voz do ministério do Exterior da China
declarou: “A procura das origens do COVID-19 é assunto científico sério e
entretanto o governo dos Estados Unidos determinou aos serviços de inteligência
que tenham papel determinante na pesquisa. Tal atitude prova que os fatos e a
verdade são a última coisa com os quais se preocupam os Estados Unidos. Eles
têm interesse zero na pesquisa científica, procuram apenas manipular
politicamente o tema, procuram bodes expiatórios”. O bode expiatório, no caso,
é claro, seria o governo chinês.
O relatório inconclusivo. O fato é que na última semana de agosto o presidente
Joe Biden recebeu o relatório solicitado aos serviços de informação. O texto
não é conclusivo sobre a origem do vírus; reitera ainda, o governo chinês não
aceita cooperar com a pesquisa. E Pequim, para não deixar dúvida, reafirmou em
25 de agosto último que não permitirá pesquisas independentes e com total
liberdade a respeito. Washington está certo que o governo chinês esconde dados.
Um alto funcionário declarou à Newsweek: “O vírus teve origem na China e a
China tem informações que não compartilha com o mundo o que conhece sobre sua
origem e são dados de que necessitamos para evitar a próxima pandemia”.
Inconformidade de Joe Biden. Em 27 de agosto a Casa Branca divulgou comunicado
a respeito do presidente dos Estados Unidos: “Recebi o relatório da comunidade
de inteligência sobre as origens do COVID-19. Existe informação fundamental
sobre as origens da pandemia na República Popular da China e desde o começo
funcionários do governo têm trabalhado para evitar que investigadores internacionais
e membros da comunidade mundial da saúde os conheçam. Até agora o governo
chinês mantém a política de segurar informações e evitar a transparência. O
mundo merece respostas e não descansarei até obtê-las. Os Estados Unidos
continuarão trabalhando com parceiros de igual opinião no mundo inteiro e
pressionarão o governo chinês para compartilhar informações e cooperar com os
esforços da fase 2 da OMS. Precisamos ter em mãos total e transparente balanço
da tragédia. Nada fora disso é aceitável”
Tensão Estados Unidos versus China. A posição firme do governo dos Estados Unidos
prenuncia aumento de tensões entre os dois países, pois na presente situação é improvável
o recuo do governo chinês. Firmeza aqui representa avanço, perspectivas menos
sombrias, combate à pandemia casado coma defesa das liberdades. Abre esperanças.
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