quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O INCRA precisa mudar de nome


O INCRA precisa mudar de nome

Péricles Capanema

Do novo governo só reclamo que cumpra as promessas consoantes ao bem comum. Solicito, contudo, uma providência simples para o bem do Brasil. Mais que pedido, é sugestão enraizada na força das coisas simbólicas.

O INCRA precisa mudar de nome. Seria medida de enorme simbolismo. Tantas vezes o impacto de providência de tal tipo vale mais que fatos de outra natureza, muda o clima, determina rumos. Seria fato prenunciativo, sugeriria intenções de construção e progresso. O INCRA é retrocesso macabro.

O MST, companheiro, parceiro e cúmplice do INCRA por anos sem fim, conheceu bem o poder dos símbolos. Fazia questão que as autoridades enfiassem na cabeça o boné vermelho dos bandoleiros e agitadores do campo brasileiro, cuja ação tantas vezes foi qualificada, com pertinência, de terrorista. Até mesmo e repetidamente por Jair Bolsonaro. Recentemente, advertiu o presidente eleito: “Quando você vê o pessoal do MST invadindo propriedades, depredando, matando animais, tocando fogo em prédio, você fica indignado com isso. Temos que ter uma relação bastante dura, para que esses que vivem fora de lei sejam enquadrados. Muitas vezes os proprietários entram com ação judicial de reintegração de posse, ganham na Justiça, mas os governadores não cumprem a ordem por questões ideológicas. Toda ação do MST e do MTST devem ser tipificadas como terrorismo. A propriedade privada é sagrada”.

Por trás, não foi raro, essas ações eram combinadas nos escritórios do INCRA, com participação de gente do INCRA. Hoje se cala isso. Mas é fácil verificar, é só perguntar aos agredidos Brasil afora como as coisas aconteciam.

Aliás, tenho boa companhia em minha proposta de mudar o nome do INCRA. O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), médico ortopedista, ministro indicado para o ministério da Saúde do próximo governo, tem grandes planos para a pasta. Qual é a primeira medida proposta por ele? Simbólica. Quer mudar o nome do Mais Médicos para Mais Saúde. Com isso, expulsa do programa a fedentina castropetista. Ótima profilaxia, desinfeta. Declarou o dr. Luiz Henrique: “Era um dos riscos de se fazer um convênio e terceirizar uma mão de obra tão essencial. Me pareceu muito mais um convênio entre Cuba e o PT e não entre Cuba e o Brasil. Era um risco para o qual a gente já alertava de início. Improvisações costumam terminar mal. Não deveria ter esse nome. Deveria se chamar Mais Saúde”.

Proponho o mesmo com o INCRA. Mudem o nome, INCRA fede. Vamos desinfetar. Perguntem a qualquer produtor rural, desde os muito pequenos até os grandes, que já tiveram contato próximo com as traficâncias do órgão, e a resposta será sempre nessa linha: “Catinguento, por mim podiam fechar essa porcaria”.

Vou apenas transcrever agora a opinião de Xico Graziano, especialista reputado, ex-presidente do INCRA: “Devastador. Assim classifico o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os assentamentos de reforma agrária no Brasil. Foram identificados 479 mil beneficiários irregulares. Escandaloso. Esbórnia agrária. Foi nesses termos que a Folha de S. Paulo tratou o assunto em editorial (edição de 08/04/2016), afirmando que tamanho desvio ‘não surge do nada, só se constrói, anos a fio, com a omissão ou a conivência de servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)’. Triste conluio do governo do PT, com a parceria do MST e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG). A malandragem é assustadora: foram identificados 248,9 mil assentados com local de moradia diferente do lote concedido; 23,2 mil já contemplados antes pela reforma agrária; 144,6 mil funcionários públicos; 61,9 mil empresários; 1.017 políticos titulares de mandato eletivo, sendo 847 vereadores. Sem-vergonhice. Tétrico. O TCU aponta 37,9 mil pessoas mortas na lista dos beneficiários da reforma agrária. Entre os vivos, 19.393 cadastrados são donos de veículos de luxo, como Porsche, Land Rover e Volvo. Picaretagem pura. Há tempos alguns de nós, estudiosos da reforma agrária, denunciamos os desvios do processo de distribuição de terras. Vem de longe a existência de um “mercado de terras’, em que se vendem, se compram e se arrendam lotes nas barbas do INCRA. Tudo proibido, mas rola fácil. Propina descarada. A cada análise crítica, os ideólogos da chamada ‘esquerda agrária’ bradam contra nossos alertas. Para nos desqualificar, acusam-nos de defensores do agronegócio. Eles, os puros, defendem a ‘agricultura familiar’ e, mais recentemente, a ‘agroecologia’. Caiu a máscara. Já mostrei anteriormente como uma série de convênios governamentais destina milhões às organizações agrárias ligadas ao esquema da corrupção no campo. Dinheiro público na veia do ‘exército vermelho’, aquele que Lula diz comandar. Basta acessar meu site www.xicograziano.com.br e conhecer a lista completa das ONGs, com os respectivos valores que receberam nos últimos 10 anos. Definitivamente, acabou a utopia da reforma agrária. Pouco importa as razões do passado, ou a ideologia. Na sua existência real, é triste perceber a falência do modelo estatal-distributivista da terra. Pior, mancha nossa história verificar sua trágica degeneração. Não basta suspender a distribuição de terras pelo INCRA. Será apenas um remendo. Há muita sujeira escondida debaixo do tapete. Podridão agrária”.

Quer saber, o que revelou o relatório do TCU ainda foi só a ponta do iceberg. A reforma agrária no Brasil, desde o começo com a SUPRA janguista, é uma coleção quase inconcebível de disparates, desacertos, desperdício de dinheiro público, roubalheira. Prejudicou os produtores, piorou a situação para quem precisava de emprego, em geral foi engano para os que receberam parcelas. O Brasil sofreu muito com os delírios mitomaníacos dos setores obcecados com a reforma agrária, inimigos da realidade e escravizados ao fanatismo ideológico. É preciso acabar logo com o absurdo para o bem de todos. Chega de retrocesso e gatunagem.

Mudar de nome é só o começo, mas vale muito, sinaliza vontade do rumo novo, com o abandono definitivo da trilha em que se torrava dinheiro público a rodo e só causava desgraça.

Outro ponto. O INCRA tem apaniguados de partidos e restos renitentes de petismo, indicações políticas (menos do que nas gestões Lula-Dilma, mas o disparate continua em Brasília e nas superintendências regionais). Essa turma além de especializada em embolsar, só dá prejuízo. Ojo!, dizem os espanhóis, cuidado com as más surpresas. Os produtores rurais e os brasileiros de bem se lembram da visita, tetricamente simbólica, 1º de junho de 2016, de Zé Rainha, outros dirigentes da FNL (Frente Nacional de Lutas) ▬ xerox do MST ▬ acompanhados de Paulinho da Força ao presidente Temer. Era o aviso de que a jararaca ainda tinha veneno nas presas.

Depois do bom golpe simbólico, todos sabem, será necessário modificar rapidamente a legislação e transformar o órgão renovado em real servidor dos produtores e dos que trabalham no campo, ou seja, promotor da segurança jurídica, indutor de emprego e renda, imã de investimentos. Aí ajudará de fato os pobres.

Por fim, volto ao início: nada mais desanuviador que de saída mudar o nome do avantesma que, linha auxiliar de agitadores bem treinados, foi carrasco do produtor e instrumento diligente de políticas persecutórias que impediram a melhoria das condições da vida no campo. Sem a maldição da reforma agrária, teríamos hoje o Brasil mais próspero e melhores empregos no campo.

O nome novo? Que lembre um ou vários dos valores seguintes: propriedade rural, produção, emprego, investimento. O governo tem bons técnicos em propaganda. E a medida sinalizaria oxigênio nos pulmões, traria felicidade ao campo.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

BBB, realidade macabra, nenhum show


BBB, realidade macabra, nenhum show


Péricles Capanema


O BBB (Big Brother Brasil) é um programa de televisão que mostra cenas da vida real de participantes confinados por certo tempo. É um reality show. A expressão Big Brother tem origem no romance 1984 de George Orwell. O Big Brother (Grande Irmão ou Irmão Mais Velho) é o ditador que vigia o povo 24 horas por dia num estado mítico Oceânia. O idioma oficial era a “newspeak” (fala nova) em que o expresso queria dizer exatamente o oposto. No livro, Orwell prevê o totalitarismo sombrio que ameaçava o mundo. Não vou tratar do BBB, programa da televisão.

Orwell foi visionário, acertou. Vou comentar um totalitarismo moderno. Na China comunista, especialmente mediante a ação da ZTE, estatal de telecomunicações, vem sendo implantado celeremente o programa intitulado oficialmente (e eufemisticamente) “construção de um sistema de crédito social”.  Em 14 de junho de 2014 o Conselho de Estado determinou medidas que o tornaria inteiramente efetivo em 2020. Trata-se de vigilância intensa. O país já tem 200 milhões de câmeras ligadas a programas para interconectar dados. Terá 600 milhões em 18 meses. E informações de todos os lados alimentam os computadores dos órgãos de segurança.

O que é o crédito social? É um sistema de pontos (créditos), já largamente empregado na China (chegará a um primeiro nível de perfeição em 2020). Recolhe dados continuamente sobre cada chinês: locais onde está, renda, tempo que passa jogando games, fumante ou não, alcoólatra ou não, multas de trânsito, velocidade do carro, rotas, atraso em pagamento de prestações, desfalques, fraudes nos negócios, frequência em igrejas, se o vigiado (todos) ou parentes dele manifestaram opinião contrária à linha do Partido em comentários de sites, tanta coisa mais. E pontua a seguir. A exata metodologia de coleta e avaliação é secreta (chamada por alguns de sistema de pontuação psicométrica), mas todos sabem, com base em bilhões e bilhões de referências, recolhidas, conectadas e classificadas, a contagem vai subindo ou descendo no crédito social de cada um; e ali está seu futuro. De outro jeito, pioram ou melhoram as perspectivas do vigiado e de sua família. Por vezes, são totalmente destruídas.

Com base nos pontos, os filhos podem frequentar ou não escolas de elite, são concedidas ou não passagens para trens-bala e aviões, permissão para ou veto a viagens ao Exterior, acesso ou interdição a bons empregos, transferências, demissões, descontos nas contas de água e luz, internet mais rápida ou mais lenta, e vai por aí afora. Até melhoram ou pioram as possibilidades de casamento nos sites especializados. Num segundo estágio, a pessoa entra para uma lista negra, ostracismo, fim de qualquer perspectiva de ascensão na vida social e econômica. É forma nova e minuciosa de controle da conduta e da vida econômica. Trata-se de um totalitarismo sem as nuvens de agentes secretos e das brigadas de defesa da revolução, comuns décadas atrás em países comunistas. Na prática, é um totalitarismo mais asfixiante e mais minucioso. Aqui o BBB é realidade macabra e nenhum show.

Saio da China e entro na Venezuela. O governo venezuelano contratou a ZTE, a estatal chinesa que está no centro do programa do crédito social para implantar no país um sistema semelhante ao que vem sendo posto em prática na China inteira. Só em 2017, é o que se divulga, a ZTE recebeu 70 milhões de dólares por esse trabalho. E muitos venezuelanos já não estão recebendo os pacotes de alimentos subsidiados, nem remédios de órgãos estatais, por causa de pontuação que obtêm no “carnet de la pátria”.

O senador Marco Rubio, dos mais destacados homens públicos norte-americanos advertiu a respeito: “A China está exportando seu totalitarismo. A crescente dependência do regime Maduro em relação à ZPE na Venezuela é apenas o último exemplo da ameaça que as estatais chinesas representam para os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”.

Não tenhamos ilusões, é programa prontinho para ser aplicado no Brasil. Desencaixotam-no, logo que voltem ao poder os derrotados no último pleito. Para isso, trabalha o PT, auxiliados por inocentes úteis e companheiros de viagem. As linhas auxiliares do PT são políticos de esquerda em partidos burgueses, PSOL e a miuçalha de partidos de esquerda, movimentos sociais, acadêmicos e empresários de esquerda ou “progressistas”, gente assim. Em 2010, em artigo intitulado “Inocentes úteis e companheiros de viagem, expressões banidas nas eleições de 2010”, lembrei: “O inocente útil é o que, sem se dar conta, facilita a execução do programa, do qual ele é suposta ou realmente adversário. Ajuda a tomada do poder por alguém que, no futuro, vai trucida-lo, moral ou fisicamente. O companheiro de viagem é o que caminha junto até um ponto da estrada. Ajuda o parceiro a chegar a um ponto determinado de seu programa. O maior exemplo de companheiro de viagem e inocente útil das últimas décadas é a CNBB. Ninguém mais que ela foi companheira de viagem e inocente útil do programa de fazer do Brasil um país libertário e coletivista”.

domingo, 18 de novembro de 2018

Identidade, nacionalismo e Ocidente


Identidade, nacionalismo e Ocidente

Péricles Capanema

Três temas do noticiário cotidiano, identidade, nacionalismo e Ocidente, circunstancialmente pularam para a mais ardente atualidade por causa do choque entre Donald Trump e Emmanuel Macron na manhã de 11 de novembro nas comemorações dos cem anos do fim da 1ª guerra mundial. Convém ter em mente, Estados Unidos e França, aliados históricos, valorizam a proximidade especial já mais que bissecular, que começou com a participação relevante do marquês de Lafayette na guerra de independência.

Nas mencionadas comemorações, presentes quase 80 chefes de Estado e de governo das mais importantes nações do mundo, o presidente francês no discurso oficial, abriu fogo com alvo certo: “O patriotismo é o oposto exato do nacionalismo, este é uma traição daquele. Ao afirmar ‘nossos interesses primeiro e não me importo com os outros’ apagamos o que uma nação tem de mais precioso, seus valores morais”.

“Nossos interesses primeiro” em francês soou em inglês como “America first”. E quem apaga os valores morais é o cínico ou o hipócrita; vale para pessoas, vale para Estados.

Macron reforçou ali os disparos na mesma direção: “A partir de 1918, nossos antecessores tentaram construir a paz. Mas a humilhação, o espírito de vingança, a crise econômica e moral nutriram a ascensão dos nacionalismos e dos totalitarismos. Vinte anos depois, a guerra veio de novo devastar os caminhos da paz. Vejo os velhos demônios ressurgirem, prontos a realizar sua obra e caos e de morte. Ideologias novas manipulam religiões, preconizam um obscurantismo contagioso. Por vezes a história ameaça retomar seu rumo trágico”.

O líder gaulês foi além, fustigou o que julga uma nova traição das classes letradas [trahison des clercs, expressão cunhada por Julien Benda]: “Juntos, poderemos vencer a nova traição dos letrados em curso que [...] nutre os extremos e o obscurantismo contemporâneo”

O mandatário norte-americano, que em várias ocasiões já se declarou nacionalista, em resposta silenciosa, na tarde do mesmo dia não participou do Fórum sobre a Paz, que reuniu os líderes políticos presentes em Paris. Foi visitar um cemitério de soldados dos Estados Unidos. Logo tuitou: “Não existe país mais nacionalista que a França”. E logo depois do referido discurso de 11 de novembro, de novo pelo tuíte, seu meio de comunicação habitual, em várias oportunidades manifestou desacordo. Em sentido contrário, o presidente francês reiterou suas convicções em entrevista bombástica a Fareed Zakaria da CNN.

Macron, com o pronunciamento de 11 de novembro e outras tomadas de posição de mesmo rumo está se colocando como o novo líder da Europa. Tem um discurso contrário a numerosos interesses dos Estados Unidos e lembra a política de tous azimuts do general Charles de Gaulle. Nesse sentido, apela ao sentimento nacionalista de parte do povo francês. De fato, a liderança, antes de Angela Merkel, está vaga. A chanceler alemã, no ocaso político, já não tem expressão para falar pelo Velho Continente. Deixo de lado essa questão; dela, futuramente, pretendo me ocupar.

Volto aos temas do título. Aos três conceitos, nacionalismo, identidade e Ocidente se opõem globalismo (ou mundialismo), multiculturalismo e diversidade. Diversidade, se conceituada à moda antiga, poderia ficar no primeiro bloco. Hoje, seu lugar é no segundo.

O que é ser partidário da identidade? O que é ser nacionalista hoje? O que significa agora defender o Ocidente? Se fizéssemos tais perguntas a vinte pessoas, provavelmente ouviríamos vinte respostas diferentes.

Importa deixar claros alguns aspectos dos três temas, em geral na sombra (de outro modo, pôr pingos em alguns is). Defender a identidade entende-se, via de regra, defender não apenas os interesses do próprio país, mas suas características, leis, costumes e demais qualidades que a História lhe imprimiu. De forma congruente, ser cioso de sua soberania e, de momento ponto candente, estabelecer limites, às vezes rígidos, à imigração.

Em 2006 no livro “Horizontes de Minas” escrevi o seguinte: “Quem abandona suas origens, entra sem norte no porvir. Caminhante sem farol na noite escura, assim é o povo quando levado apenas pelo interesse imediato. De fato, não mais poderá ser chamado autenticamente de povo. Formará um imenso agregado humano, deambulando sem rumo. Despencará para a condição de massa. Seus integrantes serão apenas átomos perdidos e isolados no turbilhão estonteante da civilização contemporânea.” Exprime o que penso.

A fidelidade às raízes caracteriza o amor à própria identidade. Daí nasce a fidelidade ao tronco, aos galhos, às flores e frutos. De outro modo, à sociedade inteira, desde seu primeiro núcleo, a família, que a todos os órgãos superiores comunica sua seiva. O Estado, entidade suprema, terá papel suplementar em relação aos inferiores, que pulsam de vida própria. Tal realidade se expressa no princípio de subsidiariedade e é vacina eficaz contra os delírios do gigantismo estatal, expressos por exemplo em tantos totalitarismos que infelicitaram os homens ao longo do século 20, desde o nazifascista até o comunista. Não é saudável um nacionalismo centralizador, intervencionista, contrário aos regionalismos e desrespeitador de direitos mais naturais e anteriores aos do Estado. Enfim, que inflama doentiamente a função estatal, indispensável e benéfica.

Agora, o Ocidente. É fundamental defender o Ocidente; é o que longinquamente ainda hoje lembra a ordem temporal cristã. O conceito de Ocidente aqui vai além das realidades geográficas, claro, inclui o Japão, Cingapura e outras nações asiáticas de orientação semelhante ▬ regime de liberdade na vida privada e pública, bem como economia de mercado. A realidade aparece funestamente amputada quando parte dos defensores do Ocidente coloca suas raízes em Atenas e Grécia (compreensível), mas se cala sobre a ação da Igreja, em especial seu papel essencial na formação da Cristandade. O Ocidente, um eco atual da Cristandade, só existe porque existiu a Cristandade como ideal nas almas e como começo de realização.

Em resumo, no mundo inteiro pululam reações sadias contra a uniformização e universalização das pessoas e sociedades. Se quisermos, são reações antiglobalistas, Merecem todo apoio, evitando no que for possível que se exprimam mediante ideologias totalitárias, preconizadoras de tolas superioridades, que lhe desnaturariam o conteúdo purificador. Pontos a colocar em relevo já de início ao considerar identidade, nacionalismo e Ocidente: defesa da família, do princípio de subsidiariedade e, fundada no testemunho real da História, visão objetiva do papel da Igreja Católica e sua doutrina em todo esse processo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Hora de observar o panorama


Hora de observar o panorama

Péricles Capanema

Quase três semanas após o 2º turno, é hora boa de parar, escalar um outeiro e observar o panorama; a seguir descer e, com maior segurança, retomar a caminhada. Está menos carregado o ambiente, os negócios começam a melhorar. O Bradesco subiu a estimativa de crescimento do PIB em 2019 de 2,5% para 2,8%, o Itaú Unibanco de 2% para 2,5%. O rumo pressagia mais emprego e renda. De forma congruente, o povo anda mais esperançado com o próximo janeiro que quando entrou em 2018.

Pelas circunstâncias de momento teremos anos de recomposição institucional, com positivas e duradouras repercussões na economia, na educação, na vida de família. Combatidos os fatores de desagregação e de atrofia que nos emboscam e nos enroscam, a sociedade receberá seiva nova para ir adiante, florescer.

Quem fala em esperança, acena para probabilidades, considera potencialidades. Curto, inexiste a certeza. Motivos sem fim a impedem. Vou tratar apenas de uma razão, fundamental, silenciada, age intensamente nos corações. Santo Agostinho chamou-a as duas cidades: “Dois amores erigiram duas cidades, Babilônia e Jerusalém: aquela é o amor de si até ao desprezo de Deus; esta, o amor de Deus até ao desprezo de si”. Santo Inácio retratou a luta com a metáfora das duas bandeiras.

Tal luta tem conotação própria nos Tempos Modernos. Duas forças há séculos arrastam (ou atraem) a maior parte dos homens. Uma parte deles é embeiçado pelas seduções de uma vida sem peias na igualdade, imersa nas explosões do orgulho e da sensualidade. O horizonte utópico que os alicia são, tenham disso consciência ou não, comunidades ateias, libertárias e coletivistas (o comunismo total). Rios de tinta já correram sobre isso. E causaram, na história, rios de sangue. As realizações fracassaram, mas continua viva a tendência de fundo.

Na fímbria do horizonte oposto fulgura a atração austera da ordem, a saber, da vida virtuosa. Não alicia, não magnetiza, mas encanta e pode até arrebatar. Conduz à adesão à ordem temporal cristã, de modo outro, ao anseio da lei de Cristo reinando nos corações, nos lares, na sociedade em geral e no Estado. Se considerarmos que numa extremidade da linha fica um ideal e, na ponta oposta, o outro, em algum ponto do trajeto cada um de nós finca seus pés. Mais importante, movemo-nos em direção a um ou a outro polo. De passagem, convém notar, os polos em sua totalidade hoje cativam relativamente pouco os homens. Contudo, num ponto se apresenta diferente a situação: é enorme o fascínio da vida libertária. Vem destruindo costumes, abatendo princípios, modificando legislações, perpassa desde a esquerda mais extrema até a direita mais privatista em economia; agarra jovens, velhos e maduros.

Em 1959, Catolicismo nº 100, o prof. Plinio Corrêa de Oliveira publicou o ensaio “Revolução e Contra-Revolução” ▬ sei, a ortografia nova prescreve contrarrevolução, mas emprego agora a antiga por fidelidade ao título original. Depois, em vários idiomas, o trabalho se difundiu mundo afora.

O antigo líder católico fala ali também das duas cidades, vistas sob prisma próprio, a Revolução e a Contrarrevolução. Denuncia a Revolução, fenômeno nascido na aurora dos Tempos Modernos no Ocidente cristão. A ela se opõe a Contrarrevolução. Em relação a tal fato, divide os homens em cinco categorias. Os revolucionários, a saber, com certa simplificação, os que aderem ao comunismo total, ateu, igualitário, libertário (ou para lá caminham). Do lado contrário, os contrarrevolucionários, partidários da ordem temporal cristã “fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal”. No meio, três categorias: os revolucionários de pequena velocidade, os de velocidade lenta e os semicontrarevolucionários.

Assim os qualifica (pensem no Brasil de hoje): “O que distingue o revolucionário que seguiu o ritmo da marcha rápida, de quem se vai paulatinamente tornando tal segundo o ritmo da marcha lenta, está em que, quando o processo revolucionário teve início no primeiro, encontrou resistências nulas, ou quase nulas. A virtude e a verdade viviam nessa alma de uma vida de superfície. [...] Pelo contrário, quando esse processo se opera lentamente, é porque a fagulha da Revolução [...] encontrou muita verdade ou muita virtude que se mantêm infensas à ação do espírito revolucionário. Uma alma em tal situação fica bipartida, e vive de dois princípios opostos, o da Revolução e o da Ordem. Da coexistência desses dois princípios, podem surgir situações bem diversas: * a. O revolucionário de pequena velocidade: ele se deixa arrastar pela Revolução, à qual opõe apenas a resistência da inércia. * b. O revolucionário de velocidade lenta, mas com ‘coágulos’ contrarrevolucionários. Também ele se deixa arrastar pela Revolução. Mas em algum ponto concreto recusa-a. [...] Trata-se de uma resistência [...] mas que não remonta aos princípios, toda feita de hábitos e impressões. Resistência por isto mesmo sem maior alcance, que morrerá com o indivíduo, e que, se se der num grupo social, cedo ou tarde, pela violência ou pela persuasão, em uma geração ou algumas, a Revolução em seu curso inexorável desmantelará. * c. O “semicontrarrevolucionário”. Diferencia-se do anterior apenas pelo fato de que nele o processo de “coagulação” foi mais enérgico, e remontou até a zona dos princípios básicos. [...] Nele a reação contra a Revolução é mais pertinaz, mais viva. Constitui um obstáculo que não é só de inércia. [...] Um excesso qualquer da Revolução pode determinar nele uma transformação cabal, uma cristalização de todas as tendências boas, numa atitude de firmeza inabalável”.

Por que trouxe à baila a classificação do prof. Plinio Corrêa de Oliveira? Como chave de interpretação, para ser pano de fundo de rápido bosquejo de aspectos da situação do Brasil. O antipetismo que determinou a eleição de Jair Bolsonaro abriga em seu bojo variadas correntes. Alguns exemplos em fieira. Ali se destaca o conservador em matéria de costumes, porém apático em relação à economia muito estatizada. Boa parte constituída de gente simples, representa enorme força eleitoral. Existe o liberal [privatista] em economia, libertário nos costumes, comum nos setores letrados. A ele em geral impacta pouco a ideologia do gênero, a generalização do aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a agenda LGBT. Temos o homem de hábitos antissocialistas, mas que admite sociedade nivelada para seus netos ou bisnetos. São influentes setores organizados da burocracia estatal, que com certeza espernearão quando da aprovação das reformas que ora se anunciam. A lista é maior, muita gente ficou de fora.

No verso da moeda, um gigantesco contingente popular, de hábitos e até princípios conservadores, pouco instruído, votou em Fernando Haddad por temer a perda de apoios assistenciais, caso vencesse Bolsonaro. Com propostas e trabalho inteligente, pode mudar o voto.

Se a economia andar bem, a frente eleitoral que elegeu Bolsonaro tem condições de se manter sem fissuras destrutivas. Caso marche mal (e aqui pode influir muito a situação internacional, sobre a qual nada podemos), tal frente corre risco de desagregação rápida.

Paro por aqui. Quem avisa, amigo é. No Natal de 1971, 26 de dezembro, o prof. Plinio Corrêa de Oliveira publicou na Folha artigo intitulado “Luz, o grande presente”. Dirigia-se a todos os autênticos homens de boa vontade para que vigiassem nas trevas da situação e, como os pastores, refletissem e esperassem. Na presente escuridão, espero que o artigo, bico de lamparina, possa para alguns leitores ser um presente (um pouco de luz) e assim facilite a subida em elevações para observar o panorama. Depois, passos para frente no rumo certo. Agir com desídia trará retrocessos, a perda do que foi conquistado com enorme esforço.

domingo, 4 de novembro de 2018

Fim de vida amargo


Fim de vida amargo

Péricles Capanema

Desde há muitos anos a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) tem sido linha auxiliar do PT. O CIMI (Conselho Indigenista Missionário), órgão da CNBB, a mesma coisa, estridência maior a favor da esquerda. A CPT (Comissão Pastoral da Terra), também órgão da CNBB, igual, escarcéu favorecedor do comunismo de arrebentar os tímpanos. Congruentemente, recebiam elogios de morubixabas da esquerda, do tipo Fidel ou Raul Castro ▬ os lobos uivavam em defesa dos pastores. E assim, dentro da Igreja, para tristeza dos católicos, tais entidades têm presença desagregadora. São fermentos de discórdia e fatores de exclusão, pois a maioria dos fiéis se julga rejeitada por elas. Tais fatos se tornaram largamente anacrônicos? Aspectos do Brasil de ontem? O quadro está se movendo.

Diante da inconformidade generalizada contra o lulopetismo, sentimentos que elegeram Jair Bolsonaro, parte da esquerda está se distanciando rápida e ruidosamente do PT e de Lula, buscando assim se viabilizar eleitoralmente para os próximos anos. Seria uma esquerda em que a roubalheira, a malandragem e a incompetência não constituiriam traços repugnantes e dominantes.

Como a tal esquerda em formação (o esboço está no PDT, PC do B, PSB, acenos à Rede, parlamentares do PSDB e PPS) tratará a esquerda católica, suja dos pés à cabeça, com os abraços líricos e os auxílios efetivos que propiciou ao petismo? Todos se lembram, durante todos esses anos, ela calou-se vergonhosamente diante do desastre econômico e da gatunagem. As primeiras manifestações sugerem que a tal nova esquerda não faz tanta questão de apoios na esquerda católica. A razão é simples: não quer se sujar e, com isso, arriscar-se a perder votos.

Vejamos. Da nova corrente, o corifeu mais em evidência é Ciro Gomes. Logo após as eleições, o antigo governador do Ceará, agindo em uníssono com fornido grupo de políticos, pôs em prática o plano, que envolveu muitos encontros e articulações de bastidor. Contudo o mais vistoso dele foram as entrevistas.

Delas, comento uma, concedida ao repórter Gustavo Uribe da Folha de São Paulo. Ali Ciro se lamentou ter sido “miseravelmente traído” por Lula e seus “asseclas”. Comentou: “A cúpula exacerbada do PT já começou a campanha de agressão. O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor. Esses fanáticos do PT não sabem, mas o Lula, em momento de vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado. Fomos miseravelmente traídos. Aí, é traição mesmo. Palavra dada e não cumprida, clandestinidade, acertos espúrios, grana”.

Acusa Lula e a cúpula do PT de falta de caráter, de traição, de serem vendilhões, de duplicidade. E deles quer afastamento para, óbvio, ficar próximo ao povo e ter votos. Expõe o objetivo: “Quero fundar um novo campo, onde para ser de esquerda, não tem de tapar o nariz com ladroeira, corrupção, falta de escrúpulos, oportunismo”.

É ataque ao plantel político que a CNBB e suas organizações vêm favorecendo há décadas. Duas figuras aqui têm papel especialmente simbólico: frei Betto e o ex-frei Leonardo Boff.
Deles, o que diz Ciro Gomes? Boff, primeiro: “Eles podem inventar o que quiserem [ou seja, são mentirosos]. Pega um b. [estrume humano] como esse Leonardo Boff. Qual a opinião do Boff sobre o mensalão e o petrolão?”. Para o presidenciável, a mera adjacência já irá incomodar o eleitor. Sobre frei Betto, também quis falar: “O Lula está cercado de bajulador. Gleisi Hoffmann, Leonardo Boff, frei Betto”. O primeiro, bajulador e, ademais, estrume humano; o segundo, bajulador sem caráter. Avisos que os quer distantes.

Leonardo Boff, pelo contrário, anseia a proximidade de Ciro. Declarou patético: “Precisamos de uma Arca de Noé onde todos possamos nos abrigar, abstraindo das diferentes extrações ideológicas, para não sermos tragados pelo dilúvio da irracionalidade e das violências”. Só que, na opinião de Ciro, se gente como Boff e frei Betto subirem na arca, o barco afunda.

De outro modo, políticos, como Ciro Gomes, que desejam a imagem de esquerda limpa, inimiga de traficâncias, não buscarão apoio em figuras como Boff e frei Betto. E, em boa medida, eles representam a esquerda católica. Amigos de ditaduras, admiradores de Fidel, chegando ao ocaso da vida (frei Betto, 74 anos; Leonardo Boff, 79 anos), depois de favorecer o comunismo por décadas, na hora normal de recolher agradecimentos dos favorecidos pelo combate indigno, recebem chibatadas de um corifeu da esquerda: “Não quero estar ao seu lado, vocês me tiram votos e mancham a reputação”. A lógica nos empurra até lá, tal situação respinga na CPT, CIMI, CNBB.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Tempestade à vista


Tempestade à vista

Péricles Capanema

Em 1º de novembro o China Daily, jornal estatal, em página editorial sobre as eleições no Brasil advertiu: “Não há dúvida que os interesses nacionais têm grande importância nas relações internacionais. Mas hoje a segurança nacional tornou-se prioridade top em alguns países. E assim, caso Bolsonaro, líder da extrema direita, ponha em prática diplomacia extremista e desencadeie fricções comerciais, teremos que pensar seriamente a respeito”. É aviso sério. A China não deixa dúvidas, reclama a continuação da situação presente. Sabe que para muitos no Brasil ela lesa interesses da segurança nacional.

Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2017, o comércio entre os dois países alcançou 75 bilhões de dólares. Exportamos sobretudo commodities (ferro, soja, petróleo, carnes), com pouco valor agregado (economia com empregos piores), importamos em especial produtos manufaturados, com alto valor agregado (economia com empregos melhores). É relação clássica entre potência colonizadora e região colonizada.

Já em fins do século 20, o Brasil enfatizou relações com a China. Na malfadada era petista, a orientação aprofundou-se perigosamente. Os dois desgovernos (2002-2016) depreciaram como parceiros a Comunidade Europeia, os Estados Unidos e o Japão e privilegiaram a China comunista ▬ entre 2001 e 2016, o comércio bilateral pulou de 3,2 para 66,3 bilhões de dólares. Nesse período (mesmo durante o governo Temer), empresas estatais chinesas compraram colossais nacos de ativos brasileiros em especial na área de infraestrutura (energia, mineração, siderurgia, transportes, agronegócio, entre outros). Teremos ouvido a esquerda esgoelar contra o imperialismo norte-americano no Brasil. As alegações furadas são as de sempre: exploração, lesão a interesses estratégicos e perigo à segurança nacional. Estavam em jogo capitais privados, com interesses privados. Jamais esbravejou contra o imperialismo chinês (pelo contrário, favoreceu seu domínio). E são capitais públicos, quem manda neles é a razão de Estado.

Nunca é demais recordar (já tratei do assunto em artigos anteriores, mas não tenho o direito de me cansar), os órgãos de divulgação falam em geral de investimentos chineses, capital chinês aplicado no Brasil, presença de empresas chinesas na economia brasileira. Vão por aí afora. Nunca sublinham o óbvio (ou apenas em raríssimos casos), não estamos sendo objeto de meras inversões de capitais chineses, de si, bem-vindos, não fosse a circunstância incompreensivelmente calada, sobre a qual, mais uma vez, a seguir, ainda comentarei.

Alguns homens públicos frisam, a China pode comprar no Brasil, não pode é comprar o Brasil. Observação correta, contudo deixa de lado o mais venenoso, que abaixo veremos.. Sobre isso devemos berrar em cima dos telhados, mesmo que sejamos como são João, voz que clama no deserto.

Quem está comprando porções gigantescas da economia brasileira não é um Estado como outro qualquer. Os compradores são estatais chinesas, cujos diretores, em geral membros do PCC (Partido Comunista Chinês), são indicados pelo governo de Pequim, controlado de alto a baixo, até nas minúcias, pelo comunismo. Entram ainda no rol como compradores que preocupam, empresas chinesas de economia mista, com controle do Estado, e grupos econômicos chineses, com forte presença estatal, o que os coloca na prática como dóceis seguidores dos interesses do governo chinês. Dando um passo a mais na explicação, o capital privado chinês é bem-vindo (como de qualquer outro país), o domínio do PCC sobre a economia brasileira não o é.

Em outra perspectiva, não é a China, como nação antiga e em expansão, que está comprando o Brasil, de fato, verdade translúcida, por meio de órgãos e empresas do governo, é o Partido Comunista Chinês. Todas essas empresas seguirão os interesses políticos do comunismo chinês, cuja política na região agora está apoiando a Venezuela e procurando minar a influência norte-americana.

Neste caminho, o Brasil, dentro de anos, sei lá quantos, na prática, confessada ou inconfessadamente, perderá as condições de agir como nação soberana, e se transformará em inominado, mas efetivo protetorado chinês. Seremos peões dos interesses chineses. Nenhum patriota quer isso, nenhum órgão com missão precípua de defender a integridade e soberania da nação tem o direito de a tal realidade fechar os olhos.

Momento atual. O Brasil ao se ligar intensamente à China e descurar Estados Unidos, Comunidade Europeia e Japão, caiu numa armadilha. Dela só podemos sair aos poucos, sob pena de dilacerar carnes e quebrar ossos. De outro jeito, muitos setores da produção e empregos dependem em graus diversos da intensidade de relações econômicas com a China. Sensatez no rumo, gradualismo enérgico, mas clareza nos olhos, é o que se espera do governo Bolsonaro que aqui vai singrar no meio da tempestade. Do êxito da navegação dependerá em boa medida o futuro próximo como país próspero e o porvir remoto de nação soberana com grandeza cristã.