O cardeal Raymond Burke adverte contra o perigo chinês
Péricles Capanema
O cardeal Raymond Burke em 12 de dezembro
último fez importante sermão, com ampla repercussão, no santuário de Nossa
Senhora de Guadalupe, localizado em La Crosse, nos Estados Unidos. Das palavras
do combativo cardeal, destaco o seguinte: “Para obter ganhos econômicos, nós,
como nação, permitimos que nos tornássemos dependentes do Partido Comunista
chinês, ideologia totalmente oposta aos fundamentos cristãos, sobre os quais as
famílias e nossa nação permanecem seguros e prosperam. Falo dos Estados Unidos
da América, mas é evidente que muitas outras nações passam por semelhante e
alarmante crise”.
O Purpurado é claro, sem rebuços, os Estados
Unidos tornaram-se dependentes do Partido Comunista Chinês. De outro modo, a
política adotada em relação a Pequim, que vem de décadas ▬ começou publicamente
com a viagem secreta (na ocasião) de Henry Kissinger a Pequim em 1971 ▬ lesou
gravemente a independência e a soberania da nação líder do Ocidente.
Compete agora à administração Joe Biden
enfrentar tal problema, o mais grave e sensível da política externa dos Estados
Unidos. Analisando o grupo político que ascendeu ao poder em Washington, à vera
gigantesca coligação com orientações e reivindicações díspares, o cardeal
manifestou preocupações. Tal coligação, é o receio ▬ muito fundado ▬ de dom
Edmond Burke, abriga em seu bojo doutrinas e posições, que o levam a temer entreguismos,
traições, aplicação de programas que ameacem a posição dos Estados Unidos como
nação livre de raízes cristãs.
De fato, na coligação do democrata Joe Biden
há setores, cujo programa, se aplicado, trará demolição generalizada do que
representam os Estados Unidos, pois uns ali são declaradamente socialistas,
outros declaradamente libertários: “Aproximamo-nos de Nossa Senhora de
Guadalupe no dia de sua festa com corações angustiados e perplexos. Nossa nação
passa por uma crise que ameaça seu futuro como povo livre e democrático. A
disseminação mundial do materialismo marxista já provocou destruição e morte na
vida de muitos e o que ameaçou os fundamentos de nossa nação por décadas, agora
parece tomar o poder de governo em nosso país”.
“Parece tomar o poder de governo em nosso
país”, a advertência não poderia ser mais clara. E está se referindo ao
materialismo marxista. Dois pontos merecem destaque nas palavras do cardeal
norte-americano. O primeiro, a dependência dos Estados Unidos em relação à
China comunista. Dependência que ele mostra como terrivelmente perigosa, mas lembra
que outros países já a sofrem de maneira semelhante.
A ganância econômica cegou os dirigentes e a
classe econômica diante do perigo que viria do inimigo que eles estavam
ajudando a fortalecer. O Partido Comunista Chinês, que totalitariamente dirige
a China, agora tem uma mão nos negócios dos Estados Unidos. Reitero, outras
nações do mundo padecem do mesmo problema. E é preciso reagir, a demora tornará
cada dia mais difícil a reação.
Dom Raymond Burke tem em vista a perseguição
que os cristãos sofrem na China. Nem poderia ser diferente. Mira também, e de
forma preponderante no caso, as ameaças internas e externas que sofrem os
Estados Unidos, a nação sobre cujos ombros pesa hoje a vocação imposta pelas
circunstâncias de defensora natural dos restos de civilização cristã no mundo
inteiro. Enfim, escudo do Ocidente. Com sua tomada de posição ele defende a
ordem temporal cristã, mais precisamente, o que dela remanesce no mundo. É
atitude corajosa, imprescindível, digna de apoio e grande louvor.
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