Lembranças revigorantes
Péricles Capanema
Regulamentação da imprensa. Em janeiro de 1967, patrocinado pelo governo,
debatia-se no Congresso Nacional projeto de nova Lei de Imprensa. Nada novo,
hoje a todo momento o PT fala em regulamentar a imprensa ▬ sem rebuços, a
mordaça na liberdade de expressão, asfixia que é o ambiente habitual Cuba,
Nicarágua e Venezuela, objeto de admiração das hostes petistas.
Cinquenta e cinco anos atrás. O professor Plinio Corrêa de Oliveira, presidente do
Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e
Propriedade (TFP), encaminhou em 13 de janeiro de 1967 ao chefe de Estado,
marechal Castelo Branco, carta em que exprimia reservas graves sobre o
mencionado projeto (lesava a liberdade de expressão, atrofiava liberdades
legítimas, representava retrocesso civilizatório em alguns de seus
dispositivos). Solicitava assim, “substanciosas modificações” para que, depois
de aprovado, “proporcionasse aos órgãos de difusão escrita e falada a liberdade
necessária para sua atuação”.
Cortesia que evaporou (substituída pela grosseria). Tendo pela carta tomado ciência da posição ad TFP, em
25 de janeiro do mesmo mês, o Chefe de Estado, em visita a São Paulo por
ocasião do aniversário da cidade, 25 de janeiro, solicitou a presença do
Conselho Nacional da Sociedade no Palácio dos Campos Elísios. Ali manifestou a
satisfação de a ter recebido, “fidalga e amável”, acrescentando que a entregara
pessoalmente ao ministro da Justiça, recomendando que atendesse as ponderações
da missiva. Acrescentou, com isso esperava que a nova lei de imprensa não
melindraria “suscetibilidades de tão prestigiosa entidade como a Sociedade
Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e dos bons brasileiros
em geral".
Esclarecendo conceitos e situações
diferentes. Na ocasião, esclareceu o professor Plínio
Corrêa de Oliveira a posição da TFP, distinguindo-a do vozerio esquerdista
contra o projeto da nova lei de imprensa: “Que os progressistas, socialistas ou
comunistas peçam a mitigação do projeto de Lei de Imprensa nada tira à notória
veracidade do que acabamos de asseverar, e deve ser explicado pelo afã dessa
solerte e astuta minoria de capitalizar em benefício próprio o descontentamento
que a propositura vem ocasionando.
2023. O
próximo ano assistirá, tudo o indica, por parte do bloco governante, a
tentativas crescentes de amordaçar a liberdade de expressão [e ainda vários
outros tipos de naturais e legítimas liberdades], com esteio em nova
legislação, ou com base nos diplomas em vigor, o que a coligação da “Unidad
Popular” que governou o Chile no começo dos anos 70 gostava de intitular como
“resquícios legales”. Salvador Allende perseguiu a imprensa com base neles,
desapropriou com base neles, expropriou com base neles, é o que farão, nada
autoriza imaginar o contrário, seus epígonos brasileiros. Que Deus nos proteja
de seus intentos.
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