Zé Dirceu: ▬ Nós
vamos tomar o poder
Péricles Capanema
“É questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós
vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”.
Aviso de José Dirceu, ganhar eleição é só caminho.
Tomar o poder, questão de tempo e de fundo, o objetivo. E vão consegui-lo,
garante, sob vários aspectos, o mais simbólico e importante líder do PT. El
Pais, o jornal espanhol, publicou em 27 de setembro entrevista reveladora com
Pedro Caroço (ou Daniel, ou Carlos Henrique) em que reconhece, continua ativo
nos bastidores:
▬ Tenho 53 anos de direção política.
Lembrou ainda Zé Dirceu: ▬ Em 2013, eu era a peça
principal do PT.
Pergunta o jornalista: ▬ E o que significa o senhor e
Lula estarem presos?
▬ Não muda nada no Brasil.
▬ E para o PT? As duas principais cabeças do PT
estarem presas não significa nada?
▬ Estão presas, mas não param de dirigir, de comandar.
Chefiar rumo a quais objetivos? O antigo guerrilheiro na
entrevista mira as eleições de 7 e 28 de outubro. Mas ao distinguir claramente entre
vencer uma eleição e apossar-se do poder, indica passo além, em verdade, a
venezuelização do Brasil.
Ao bosquejar objetivos últimos, açula mais uma vez a militância
radicalizada, coisa que sempre tem em vista e sabe fazer. Adiantou aos seguidores,
o partido avança para tomar o poder (“fui o principal dirigente do PT por quase
duas décadas”, de novo recordando a autoridade para falar).
Na etapa de domínio totalitário do Estado, o Partido teria
tarefas novas. Plasmaria a sociedade segundo modelo coletivista, ateu,
igualitário. Com isso, moldaria mentalidades, talharia convicções, tentaria
criar o homem novo da utopia marxista. Perpassam as ameaças (para nós,
brasileiros, vítimas do experimento; para os petistas, sopa no mel) de Dirceu, seu
bolchevismo de raiz, atavismo totalitário do qual o PT nunca se libertou.
Por que venezuelização do Brasil? Por ser atual. E sua
atualidade provém de recentes promessas de Fernando Haddad. De um lado, procura
amolecer a rejeição crescente mediante propostas analgésicas, com o que acena
para o centro político, melhorando posição para o segundo turno. De olho também
em partidários mais próximos, não abandonou o receituário clássico.
Mostrou veneno ali escondido, a Constituinte
exclusiva, instrumento próprio para o Brasil se espatifar no abismo da
Venezuela (ditadura, miséria extrema, Estado aparelhado, Exército e Judiciário
domesticados, milícias matando opositores). Não para por aqui a catadupa de
horrores: senadores norte-americanos de enorme relevo requereram que o governo
de Washington ponha a Venezuela na lista do terror, de outro modo, seja
considerada promotora do terror no mundo. E apresentaram provas para tal.
Volto ao candidato petista. Em Goiânia Haddad avisou,
seu governo criará condições para a convocação de nova Constituinte, cobrança já
antiga de setores extremados do PT e agora, lembrou o candidato, exigência
também do aliado na chapa, o Partido Comunista do Brasil:
▬ Isso já foi mediado.
Quando o PC do B passou a integrar a chapa, houve uma alteração no texto para
criar as condições da convocação de uma assembleia [constituinte] exclusiva.
A nova Constituição,
imposta na Venezuela em ambiente de intimidação e demagogia ▬ aqui também será
assim ▬ foi o ponto de partida para a tirania chavista. O PC do B, partidário
delirante do chavismo, com razão exigiu começar logo por aí. Em seus objetivos,
será uma etapa do comunismo integral, sonho da organização, proclamado no
capítulo I do Estatuto: O PC do B “guia-se pela teoria científica
e revolucionária elaborada por Marx e Engels, desenvolvida por Lênin e outros
revolucionários marxistas. Visa a conquista do poder político. Tem como
objetivo superior o comunismo”.
O próprio Ciro Gomes, até há
pouco em juras de amor com o PT, denunciou o caráter de violência institucional
da proposta (golpe, em palavra posta na moda):
▬ Quem é que tem a faculdade de convocar uma Constituinte? Como fazê-la
exclusiva? Quem tem essa atribuição? Ninguém tem, é violência institucional
clara.
Violência institucional é outra palavra para golpe, repito. Sofreríamos golpe
institucional facilitado por setores já domesticados do Judiciário, o que nos
lançaria no inferno bolivariano. No momento, de que armas dispomos? Orações,
reflexão, divulgação das ameaças que pesam sobre nós, voto.
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