domingo, 9 de setembro de 2018

O berreiro dos promotores da exclusão


O berreiro dos promotores da exclusão

Péricles Capanema

Em 7 de setembro aconteceu mais uma patética caminhada do “Grito dos Excluídos”. A pantomima ridícula é repetida desde 1995, sempre arrastando os mesmos e desgastados grupelhos. A organização da caminhada por cidades importantes, que de plano obviamente exclui todo o Brasil que presta e só inclui minorias contestatárias, nasceu na CNBB e se mantém com seu auxílio, para vergonha dos católicos.

Na 56ª Assembleia Geral da CNBB, abril de 2018, dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da entidade, em companhia de outros bispos da tal comissão, dom Canísio Klaus, dom José Valdeci, dom André de Witte, dom Rodolfo, dom Luiz Gonzaga, informou aos demais bispos presentes a respeito da organização da marcha de 2018 que se realizaria em setembro. É triste, mas não consta que tenha havido desacordo sobre os planos.

Trata-se simplesmente de mais uma promoção de órgãos da CNBB, sempre fiel à sua cultivada condição de linha auxiliar do PT. O tal “Grito dos Excluídos” ▬ minha proposta, pisando o real, a pantomina poderia ser adequadamente denominada “O berreiro dos promotores da exclusão” ▬ nasceu em 1994 e a primeira foi realizada em setembro de 1995 com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade daquele ano. A partir de 1996 passou a fazer parte do “Projeto Rumo ao Novo Milênio”, com aprovação da assembleia geral da CNBB. Naquele ano, o lema do Grito (melhorando, berreiro) foi “Trabalho e Terra para Viver”. Ligou-se o tal Berreiro notória e confessadamente à agitação do MST nas ocupações de terras e promoção da reforma agrária. A reforma agrária no Brasil ▬ dificulta a produção, afugenta investidores e piora a situação dos trabalhadores rurais  ▬, obsessão um tanto delirante do fanatismo socialista da CNBB, é em verdade nua e crua a venezuelização do campo. Enquanto não colocar o campo brasileiro numa situação parecida com a Venezuela de hoje não vão sossegar.

A marcha de 2018 do Berreiro (24ª edição) teve como lema Desigualdade gera violência - Basta de privilégios - Vida em primeiro lugar. De passagem, a promoção da desigualdade harmônica é fator de paz social. A imposição da igualdade traz fome e tirana, ensina de forma trágica e sanguinolenta a história do século 20 e 21.

Quem participa do Berreiro no Brasil inteiro? Uma amostra do público que a CNBB atrai e dá espaço: líderes do PT, dirigentes do PCO, militantes do MST; assemelhados a rodo (não são muitos). E o público que exclui aos pontapés? Multidões e multidões, o Brasil da gente direita: donas de casa e mães de família católicas, proprietários rurais ameaçados pelas invasões, professores que querem ensinar e manter disciplina nas aulas, entre outros. Foge espavorido o Brasil que estuda, trabalha, cria os filhos, quer crescer na vida.

Dos fatos divulgados pela imprensa, deixo aqui dois exemplos. No Rio de Janeiro, foi realizada no mesmo horário do desfile militar. Entre os participantes de destaque estava Indianara Siqueira, uma trans, vamos chamar assim (nasceu varão). Ele (ou ela) organiza na antiga capital federal a Marcha das Vadias. Diz de si: “Nasci em 18 de maio de 1971, sete anos depois do golpe de Estado que implantou a ditadura militar no Brasil. Aos 12 anos comecei a tomar hormônios femininos. Aos 18 anos passei a usar roupas femininas. Virei prostituta em Santos. Virei militante pelos direitos humanos, me tornei presidente fundadora do grupo Filadélfia de travestis de Santos”.

Indianara estava no “Grito dos Excluídos” do Rio de Janeiro para se posicionar contra o fundamentalismo e para lutar pelos direitos das pessoas trans e profissionais do sexo: “As pessoas trans são as mais excluídas da sociedade, assim como na área trabalhista, quem se prostitui é excluído até dos direitos trabalhistas. E a maioria das trans tem como única opção a prostituição para sobreviver. Então, não existe uma luta só pelos direitos trans que também não passe pelo direito da regulamentação da prostituição das profissionais do sexo”, declarou.

Em São Paulo, o “Grito dos Excluídos” teve participação de muitos candidatos às próximas eleições. Foram ali na esperança de pescar alguns votos. Entre eles, Nivaldo Orlandi (Partido Comunista Operário), candidato ao Senado, que no microfone da marcha comentou assim o monstruoso atentado a Jair Bolsonaro: “Ninguém viu sangue nenhum. Vimos um grande chororô da imprensa, das lideranças ditas democratas. Agora, esse anjinho fascista, será que merece nossa solidariedade?”.

Vou recordar o óbvio, ser conselheiro Acácio. A CNBB oficialmente foi criada para levar as almas ao rebanho de Cristo, e de forma congruente favorecer a ordem temporal cristã como situação favorável ao “salus animarum” de seu múnus. No caso em análise, restou algum resquício de tal missão? Ou vemos o contrário? Veio-me incoercível à mente afirmações do arcebispo Carlo María Viganò em recente documento de repercussão mundial: o antigo núncio apostólico em Washington denunciou pastores que, palavras suas, incitavam os lobos a destroçar o rebanho de Cristo. É possível fugir da associação?

Outra obviedade: o Brasil limpo, amazonicamente majoritário, é o grande excluído do berreiro dos promotores da exclusão. Aqui está ponto que já há décadas dificulta e tem prejudicado gravemente a evangelização no Brasil. A CNBB, evidenciando falta de transparência, fecha-se sobre ele. Esse partidarismo das panelinhas ideológicas, retrocesso lamentável, diminui o oxigênio nos ambientes católicos; debilita-os. Com isso, impede avanços tonificantes. Arejamento, a asfixia precisa acabar.

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