Raízes de
mandioca-brava
Péricles Capanema
Em 2013, para muitos, o PT personificava a desordem, a
corrupção, o retrocesso. Setores de brasileiros esperançados tinham certeza de que
Aécio venceria a eleição e afastaria muitos males. Deu o contrário: Dilma
(51,64%) derrotou Aécio (48,36%) na contagem geral. Baque feio. Vieram os
tempos do pré-impeachment. E aconteceu o impeachment. Houve expectativa de que
haveria, com a nova situação, um tempo longo e melhor para o Brasil. Outra vez,
por superficialidade, a esperança venceu a experiência. Não demorou e a desilusão
penetrou quase todo o país. Na última pesquisa DataFolha 73% consideravam o
presidente Temer ruim ou péssimo, o mesmo índice era de 31% ao assumir. E nem
falo aqui da continuação dos escândalos de corrupção. À maneira de pot-pourri, tratarei de outros aspectos,
fatores de desesperança, por vários lados mais fundamentais.
É generalizada a presença da esquerda, impune,
agressiva e em expansão. De um lado, o MST continua a invadir terras. Na mesma
trilha, age impune a CPT. E, de forma crescente, ocupa espaços nas cidades o
MTST. As estatais chinesas (o governo chinês) continuam a comprar ativos no
Brasil, com aplausos dos mais inesperados.
E, nos últimos dias, senadores e líderes da base
governista sinalizaram possível apoio a Lula e ao PT em 2018. Declarou Eunício
Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado: “Se
não houver um entendimento nacional, se não houver uma aliança local que me
obrigue diferente, eu sou eleitor do Lula”.
Ao lado de Lula e de Renan Filho, governador de Alagoas, discursou Renan
Calheiros (PMDB-AL): “"O governo do senhor é do povo, para o povo,
diferentemente do governo de agora”. Na mesma linha, Edison Lobão (PMDB-MA): “[Lula]
foi e é um bem gigantesco” para o País. Ecoando tais declarações, Ciro Nogueira
(PP-PI), presidente do partido: “Lula foi o melhor presidente para este País,
principalmente para o Piauí e para o Nordeste”. E o líder do PR na Câmara
Federal, José Rocha (BA): “O PR não descarta o apoio a Lula”.
Saio do mundo político e vou a outro espaço. No
próprio ministério da Educação, supostamente hoje dirigido por partido
conservador, o DEM (o ministro Mendonça Filho é prócer do DEM), dois fatos recentes,
entre muitos, indicam a força ciclópica do aparelhamento esquerdista (se
quisermos, pró-comunista).
Desde 2013, com material redigido em 2012, portanto em
pleno governo do lulopetismo, com o MEC aparelhado de alto a baixo, existiam
cinco competências para avaliar a redação na prova do ENEM. Entre elas,
“desrespeito aos direitos humanos” anularia a redação, zero para o candidato.
O que seria desrespeito aos direitos humanos? Impreciso,
tudo é direito humano, mas sem dúvida a expressão vem hoje com conotação de
esquerda, em geral ligada ao politicamente correto. Criticar o movimento LGBTI
seria ir contra os direitos humanos. Para quem não sabe LGTBI significa
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Intersexuais (ou pessoas intersex). Em
artigo da Sociedade Intersexual Norte-Americana consta a seguinte afirmação: “A
natureza não decide onde a categoria ‘masculina’ termina e a categoria
‘intersexo’ começa ou onde a categoria ‘intersexo’ termina e a categoria
‘feminina’ começa”. De outro modo, são categorias culturais.
Retorno à estrada. Por seu caráter genérico e vago,
tantas vezes tingido de esquerdismo, qualificar um candidato de ser contra os
direitos humanos pode ser arma de exclusão e atitude discriminadora. Alunos de
orientação conservadora ou direitista poderiam ser facilmente prejudicados em
seu futuro. Por causa disso, o movimento Escola sem Partido pediu judicialmente
a exclusão da cláusula. Setores do governo de forma reveladora atacaram encarniçadamente
a pretensão do Escola sem Partido. Posta a posição atribuída pela esquerda ao
governo, o normal seria que manifestassem gratidão por ter sido chamada a
atenção sobre tal ponto.
Em boa hora, a ministra Carmen Lúcia manteve a liminar
do desembargador federal Carlos Moreira Alves,
da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A presidente do STF
argumentou que a nota zero para quem censurasse direitos humanos poderia
propiciar o “aniquilamento de direitos fundamentais”. No caso, liberdade de pensamento
e liberdade de expressão. Disse mais: “Não se combate a intolerância com maior
intolerância estatal”. Não se sensibiliza para os direitos humanos com
“mordaça”, “não se garantem direitos fundamentais, eliminando-se alguns deles”.
Continuou sentenciando que não se pode desejar “o silêncio de direitos
emudecidos”. Lembrou, a cultura do politicamente correto “vem sendo levada ao
paroxismo. passando a constituir forma de censura de expressão”.
Em outros termos, a mordaça e a censura contra
adversários conservadores potenciais que sub-repticiamente tinham sido enfiadas
no exame do ENEM, para alegria das esquerdas de todos os matizes, foram defendidas
com os dentes pela estrutura do ministério da Educação e de outros órgãos do
Estado.
Outro ponto, redatores da Base Nacional Curricular
Comum do MEC introduziram no texto expressões que podem facilmente, como
obediência a diretrizes estatais, levar ao ensino da ideologia do gênero nas
escolas brasileiras. Muita gente reagiu e em ótima hora o IPCO tem divulgado
manifesto endereçado ao Presidente da República do qual destaco as seguintes
partes: “Recorremos a V. Exa. estarrecidos com introdução da chamada ‘ideologia
do gênero’ na Base Nacional Comum Curricular que deverá entrar em vigor em
2018. O governo anterior já havia tentado introduzir essa ‘ideologia do gênero’.
Felizmente, o Congresso Nacional a reprovou e, em mais de 90% das audiências
públicas realizadas em todo o País, ela foi rechaçada. Países irmãos, como o
Peru e o Paraguai, também a rejeitaram. Seria m passo vital para a implantação
de uma ditadura cultural comunista em nossa Pátria. Sr. Presidente, não permita
que seu ministro da Educação e Cultura imponha, contra os sentimentos cristãos
da imensa maioria dos brasileiros, a ‘ideologia do gênero’ no ensino básico de
nosso país”.
No caso, é mais uma sequela venenosa do enorme o
aparelhamento dos órgãos públicos e universidades pelas esquerdas. À primeira
vista, às vezes é difícil perceber as raízes fundas e tóxicas da
mandioca-brava, pois seus galhos e folhas se parecem às da mandioca de mesa ▬ e
o Brasil em muitos aspectos recorda a mandioca-brava. Só depois de tratadas,
processo lento e trabalhoso, as raízes perdem a toxicidade. Tarefa nossa, mostrá-las
e tratá-las, precisamos realizá-la se quisermos um Brasil com grandeza cristã Aí
evitaremos, logo ali na frente, que o Brasil despenque na situação em que hoje está
a Venezuela. A Brazuela.
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