Está fazendo falta
uma Nuremberg tupiniquim
Péricles Capanema
Só para lembrar, terminada a 2ª Guerra Mundial as
potências aliadas instituíram o Tribunal Militar Internacional em Nuremberg
para julgar crimes cometidos pelo nazismo. As sessões tiveram lugar entre 20 de
novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946. Em fins deste ano começaram, também
em Nuremberg, os chamados Processos de Guerra. Só vieram a terminar em outubro de
1948.
Além das condenações penais, a opinião pública, ouvindo
o eco dos processos, tomou conhecimento detalhada e documentadamente dos
pavorosos crimes cometidos pelo governo e partido nazistas. Constituíram talvez
a maior vacina antinazista produzida na História.
No Brasil, tudo leva a crer, estão se fechando as
cortinas dos treze anos de domínio petista. Em cambulhada, nesse período, o pobre
brasileiro do seu sofá vendo a televisão teve notícia da ladroagem, incompetência
nunca imaginada, intervencionismo maluco, demagogia sem peias, empobrecimento, carestia,
destruição do parque industrial, colaborações surpreendentes, cegueira
obstinada, leniência com o crime, cumplicidade com desmandos, oportunismos
chocantes e silêncios inexplicáveis. Fora o resto. Tudo levava água para um
projeto de poder que, para os ideólogos do petismo, propiciaria a criação do
homem igualitário e libertário de suas utopias. O PT nunca teria chegado ao
poder de que dispôs sem o concurso de pessoas em situações acima aludidas,
algumas vezes como companheiras de viagem, outras como inocentes úteis.
Ainda bem, houve reação. O povo escorchado, em
sucessivas passeatas ao longo de 2015 e 2016, vociferou seu descontentamento. Atentos
ao ronco das ruas, agiram os políticos e o governo tombou. Um pouco
precipitadamente escrevi tombou, é o que de momento parece mais provável.
Chegou a hora do balanço. Por óbvio, não estou
reclamando tribunais. Inspirando-me em Nuremberg, proponho tão só, de forma
algum tanto pesadona, mas no momento necessária, trabalho de pesquisa e análise
para conhecer o que aconteceu, uma vacina, se quisermos, benéfica ao povo, que
assim terá condições melhores para formar opinião. Sem ela, temo, daqui a pouco
estaremos de novo sujeitos aos mesmos vírus que causaram o desastre.
Coloco abaixo alguns dos pontos a serem iluminados. Foi
a antipatia ao lucro, à propriedade privada, à livre iniciativa, e ao mercado,
acoplada com a credulidade demolidora nas possibilidades do Estado o que, na
economia, nos rojaram ao fundo do poço. Era o caminho que nos arrastaria indefectivelmente
à situação da Venezuela e de Cuba. Tal mentalidade revolucionária, pouco ativa
no povo simples, está muito presente na universidade, nas sacristias e até na
alta burguesia. São pessoas formadoras de opinião. Via de regra este, pelo
menos, pendor esquerdista vem junto com opiniões libertárias em matéria moral. Um
exemplo característico foi o casal Eduardo-Marta Suplicy. É câncer social agressivo,
de extirpação difícil e lenta. Não combatido, mata. Ter o problema claro já é um
bom primeiro passo.
Outro ponto. Fomos arrastados até aqui pela cegueira,
quando não pela cumplicidade, de boa parte das lideranças que, por missão
natural, tinham o dever de defender, como disse acima, a propriedade privada, a
livre iniciativa, o lucro e o mercado contra uma seita ideológica cujo objetivo
final, nunca abjurado, é a generalizada coletivização do campo e da cidade. Junto
exemplos esclarecedores e tristes. Entre os atuais ministros, dois foram
presidentes das entidades patronais dos industriais e dos fazendeiros, CNI e
CNA. E podem voltar para o Senado para votar contra o impeachment. O vice de
Lula foi empresário riquíssimo, ex-presidente da FIEMG; sua presença na chapa agia
de forma a anestesiar setores das classes produtoras, e até no povo em geral,
de si tendentes à reação ao desastre no qual afundava o Brasil. E foi essa a
razão de sua escolha. De outro modo, beneficiam por vezes de maneira decisiva, consciente
ou inconscientemente, um grupo político que em prazo dilatado quer liquidar a
influência dos fazendeiros e dos industriais na vida nacional. Pior, não são
exceções gritantes. À vera, são situações que se repetem. Exprimem uma forma de
anemia das classes produtoras.
Essa constatação me empurra para outras lideranças, agora
de âmbito religioso. A esquerda católica foi responsável maior, em trabalho que
vem pelo menos desde a década de 40, pela ascensão do PT. Na prática seu apoio
favoreceu o homossexualismo, a legalização do aborto, a secularização
agressiva. E ainda hoje seus adeptos continuam agindo para impedir que o Brasil
escape ao destino da Venezuela e de Cuba. Aqui podemos lembrar a Ação Católica,
a Nova Teologia, as comunidades de base, a Teologia da Libertação, a Pastoral
da Terra, o CIMI, Comissões Justiça e Paz, e até a própria CNBB. Tanta coisa
mais. É outro câncer social, mais virulento que o mencionado acima.
Os três fenômenos aqui apontados são exemplos típicos de
autodemolição, enfermidade que ajudou enormemente a ascensão lulopetista. Já se
vê, montes de coisa contra o que vacinar.
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