Submissão total aos
objetivos comunistas ou implacável perseguição religiosa
Péricles Capanema
Perseguição religiosa na campanha presidencial
brasileira. A campanha política
no Brasil (eleições em outubro próximo) começa com tema inesperado: o assunto quente
da perseguição religiosa. Nada tem de artificial; é gravíssimo, à vera, para qualquer
católico. Lula, em repetidas ocasiões, tenta escapar do tema. Quer varrê-lo do
debate. Poderá ser colocado por baixo do tapete, mas continua realidade a ser
considerada com muita seriedade.
Falso anacronismo. Colocou0o na ordem do dia pessoa queridinha
da esquerda brasileira ▬ xodó intocável. O ditador da Nicarágua destampou o
caixão e escancarou para todos a realidade escondida. Ou os católicos acertam o
passo com a revolução ou serão perseguidos. Foi assim no passado, continua
igual. A perseguição religiosa parecia realidade longínqua, coisa para Coreia
do Norte, fato quotidiano dos regimes soviéticos, já desaparecidos, e, ainda hoje,
do chinês, disfarçado embora. Por aqui, não. Ortega evidenciou: por aqui, sim.
A companheira de viagem fortaleceu o carrasco. Um fato deformava o quadro real. Por décadas
a esquerda católica vem sendo companheira de viagem do petismo. A esquerda no
poder favoreceria atividades da Igreja, era a esperança. Com uma condição, cuidadosamente
escondida: subserviência e colaboração.
De volta a agressão. Por razão brutal a perseguição religiosa deixou
de semelhar anacronismo: sem rebuços, um dos maiores e mais queridos aliados do
PT (o ditador Daniel Ortega) está perseguindo a Igreja Católica na Nicarágua. Acusa-a
de “golpista”, “terrorista”. Ou o que lhe vier aos lábios; para justificar o
retrocesso, qualquer mentira vale, aos montes teremos “fake news” em estado puro.
O governo sandinista prende bispos, padres e leigos, fecha rádios e organizações
católicas, reprime na Igreja quem ousa levantar a cabeça. Por quê?
Pão e liberdade. A razão é simples: os católicos estão
sofrendo com a tirania e a miséria dominantes e crescentes na Nicarágua. Revoltam-se,
têm reivindicação singela, pão e liberdade. Afinal, o sandinismo, menina dos
olhos da esquerda católica e do petismo, manda no país há décadas e já passou
da hora de melhorar alguma coisa na vida dos . E não mudou nada (aliás, mudou muito,
e para pior): miséria no povo, o somozismo é fichinha diante da repressão sandinista,
continua o favorecimento dos apaniguados, a roubalheira corre solta. Crescente
presença imperialista da China. Com apoio, claro, dos irmãos Castro, de Maduro,
da esquerda latino-americana, muito especialmente do PT e aliados no Brasil.
Ortega, o intocável. Querem sintoma expressivo? Alguém conhece algum
dirigente do PT que censure Daniel Ortega
pela roubalheira, fraude nas eleições, perseguição religiosa e
favorecimento escandaloso de familiares? Pelo contrário, é objeto de admiração.
Sobre Daniel Ortega, em novembro de 2021, afirmou Lula: “Temos que defender a
autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que que a
Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?” Havendo
condições, não nos iludamos, repetirão no Brasil o que Maduro, Ortega e Castro ▬
os intocáveis ▬ impuseram e infligem a seus povos. E aqui se inclui a
perseguição religiosa. Há precedente macabro: a perseguição religiosa, com sem-número
de mártires existiu gravíssima na antiga Cortina de Ferro, seus epígonos latino-americanos
farão o mesmo aqui, se a tal as conveniências revolucionárias os aconselharem.
Recordações dolorosas e reveladoras. Em fevereiro e março de 1980, o
progressismo católico, dele então corifeus dom Paulo Evaristo Arns, dom Pedro
Casaldáliga e frei Betto, entre outros, promoveu em São Paulo grande celebração
da revolução sandinista. Dom Pedro Casaldáliga, na ocasião, afirmou: “Eu me
sinto, vestido de guerrilheiro, como me poderia sentir paramentado de padre. É
a mesma celebração que nos empurra à mesma esperança. Apenas para terminar,
gostaria de pedir para todos vocês, que sejamos consequentes. O que estamos
celebrando, o que estamos aplaudindo nos compromete até o fim. Nicarágua nos
deu o exemplo: todos nós, todos os povos da América Latina, todos os povos do
Terceiro Mundo, vamos atrás!” E dom Paulo Evaristo Arns fechou da seguinte
maneira: “Como concluir? Não há uma conclusão. A coisa apenas começou. Vejam
esta pergunta — chega de teologia e vamos à prática: onde estão os grupos que
vão para a Nicarágua, para aprender? Eu respondo: sei que, em São Paulo, há
grupos se preparando e de malas prontas para partir. Até com a permissão do
Arcebispo de São Paulo”. Os pastores bradavam em defesa dos lobos. E, então, os
lobos uivavam em defesa dos pastores.
Nicarágua hoje. Tomo como base informações divulgadas pela
swissinfo.ch, instituição reputada como das mais sérias da Europa. São sintomas
de situação que pode se agravar. Dom Rolando Álvarez, bispo da diocese da
Matagalpa foi preso na madrugada de 6ª feira 19 de agosto. Policiais invadiram
violentamente, 3h20, hora local, a sede da cúria episcopal. É acusado de “organizar
grupos viOlentos” para “DESESTABILIZAR O Estado da Nicarágua e atacar as autoridades
constitucionais”. Com o bispo foram presos sete colaboradores e um operador de
câmera. Quatro sacerdotes foram presos, dois seminaristas. A polícia distribuiu
comunicado: “Na madrugada de hoje foi realizada nas instalações da cúria\ da
cidade de Matagalpa uma operação que permitiu que as famílias e a cidadania de
Matagalpa recuperassem a normalidade”. Como se vê, comunicado à altura do que
divulgaria qualquer governo da antiga União Soviética.
Submissão total aos objetivos comunistas ou implacável
perseguição religiosa. Coloquei
como título do artigo “submissão total aos objetivos comunistas ou implacável
perseguição religiosa”. Não foi exagero. É isso mesmo. O resto é ilusão e mito.
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