Escorracem já o povo!
Péricles Capanema
A vaga no Supremo, aberta com a morte de Teori
Zavascki, assanhou a patrulha ideológica. Para desgraça nossa, continua crespa,
cada vez mais intolerante. São trinta candidatos com chances de levar, avalia Eliseu
Padilha, encarregado pelo Presidente de fazer uma triagem inicial, informa a “Época”.
No seleto grupo está Ives Gandra Filho, presidente do Tribunal Superior do
Trabalho. Entre os ventilados, só ele foi fulminado pela fatwa da patrulha. Razão, suas opiniões estão vetadas no Brasil pela
censura dos bem-pensantes progressistas. Não conheço Ives Gandra Filho, não
tenho procuração nem pedido para defendê-lo e, quer saber, nem tenho juízo
formado sobre a melhor escolha. Meu problema aqui é outro, de âmbito nacional.
Intrigado com a agressividade do veto, fui atrás das opiniões
do magistrado em especial sobre a família (o falatório girava em torno do tema).
E li a nota que distribuiu à imprensa. Tive enorme surpresa. Suas convicções enunciadas
em linguagem culta e clara são as da maioria do povo brasileiro. Em resumo, a
artilharia libertária quer banir do Supremo qualquer candidato que espose ideias
aceitas pelo grosso dos brasileiros, mas não da patota emproada. A intolerância
da neoinquisição não admite divergência. Faz lembrar Henrique VIII advertindo são
Tomás Morus no filme “O homem que não vendeu sua alma”: “No opposition, Thomas, no opposition”. Também ele não admitia oposição.
Fica o recado: a KGB progressista não mais tolera no Brasil tais opiniões em
pessoas que aspirem a postos de expressão; só ainda as atura no povo miúdo. Cada
vez que surgir algum infeliz com tais opiniões, cogitado para posição influente,
a patrulha também vai tratá-lo como proscrito.
Para onde vamos? Vamos para a servidão, se o Brasil da
gente direita curvar a espinha às tirânicas oligarquias libertárias e assim permitir
que minorias fanatizadas, por meio de estrondos publicitários, tomem de assalto
as cadeiras do Supremo. E outros espaços de direção.
Vejam o que encontrei (está na rede). O conceito de
matrimônio de Ives Gandra Filho reproduz exatamente o que ensina o catecismo
católico: “O
matrimônio possui dupla finalidade: a) geração e educação dos filhos; b)
complementação e ajuda mútua de seus membros. Tendo em vista, justamente, essa
dupla finalidade, é que o matrimônio se reveste de duas características básicas
que devem ser atendidas pela legislação positiva, sob pena de corrupção da
instituição: a) unidade – um homem com uma mulher; b) indissolubilidade –
vínculo permanente”. Mesmo protestantes e até agnósticos podem subscrever tal
definição; tem raiz no Direito Natural. A intolerância furibunda com os
conceitos acima nutre no bojo o vírus da perseguição religiosa, que, se não for
combatido, gradualmente vitimará o organismo inteiro.
Transcrevo
abaixo algumas outras convicções relativas à família enunciadas pelo dr. Ives: “A
celula mater da sociedade (núcleo básico) é a família, como sociedade
natural e primária, constituída numa comunidade de vida e amor para a propagação
da espécie humana e ajuda recíproca nas necessidades materiais e morais da vida
cotidiana”. Multidões de brasileiros dariam vivas e bateriam palmas em pé para
quem afirmasse isso. Vou adiante: “O homem desde a sua origem surgiu no meio de
uma família, que é a primeira sociedade humana. Não há que se falar, pois, em
estado pré-social ou situação originária de promiscuidade sexual na vida
animal”. Continuo: “A base do matrimônio é o consentimento mútuo na outorga e
recepção do direito perpétuo e exclusivo sobre o corpo de cada um com vista aos
atos aptos à procriação”. Mais uma: “Homens e mulheres têm constituições física
e psíquica distintas, complementares entre si”. Excluir um candidato por
defender tais convicções, equivale a moralmente banir o geral dos brasileiros
de sua pátria.
Opinião de
Ives Gandra Filho sobre união homossexual: “O casamento de dois homens ou duas
mulheres é tão antinatural quanto uma mulher casar com um cachorro. Casais
homoafetivos não devem ter os mesmos direitos dos heterossexuais, isto deturpa
o conceito de família”. Reafirmo, persuasão da maior parte do povo brasileiro.
É também censurado por ser contrário ao aborto, ao divórcio, à distribuição de pílulas anticoncepcionais em hospitais
públicos e a pesquisas com células-tronco de embriões. Reitero meu bordão, milhões
de brasileiros têm opinião idêntica.
O presidente do TST julgou-se
obrigado a distribuir nota à imprensa: “Diante
de notícias veiculadas pela imprensa, descontextualizando quatro parágrafos de
obra jurídica de minha lavra, venho esclarecer não ter postura nem homofóbica,
nem machista. Deixo claro no artigo citado, de 70 páginas, sobre direitos
fundamentais, que as pessoas homossexuais devem ser respeitadas em sua
orientação e ter seus direitos garantidos, ainda que não sob a modalidade de
matrimônio para sua união. Por outro lado, ao tratar das relações familiares,
faço referência apenas, de passagem, ao princípio da autoridade como
ínsito a qualquer comunidade humana, com os filhos obedecendo aos pais e a
mulher ao marido no âmbito familiar, calcado em obra da filósofa judia-cristã
Edith Stein, morta em campos de concentração nazista. O compartilhamento da
autoridade sempre me pareceu evidente, tendo sido essa a que meus pais casados
há 58 anos viveram e a qual são seus filhos muito gratos. [...] As demais
posturas que adoto em defesa da vida e da família são comuns a católicos e
evangélicos, não podendo ser desconsideradas "a priori" numa
sociedade democrática e pluralista”.
Vou virar a página e dar um exemplo revelador das agressões da intolerância.
Forum de 31 de janeiro traz em
manchete: “Manifesto feminista contra Ives Gandra para a vaga de Teori ganha
apoio irrestrito”. A notícia afirma que, “para eles [os signatários], Ives Gandra demonstra desconhecer a realidade
social de brasileiras e brasileiros. ‘Sexismo, homofobia, lesbofobia,
discriminação racial, desrespeito aos direitos humanos e sociais e ao Estado
laico não podem ser parte da trajetória de quem irá integrar o colegiado do STF’,
afirmam, em manifesto”. O texto intoxicado de preconceitos progressistas e
lotado de falsidades vem assinado, entre outros, por Luiz Gonzaga Beluzzo,
Miguel Rossetto, Emir Sader, centenas de professores de Direito, procuradores,
líderes sindicais, juízes, jornalistas, advogados.
É pressagioso que minorias oligárquicas de esquerdistas e libertários,
treinadas no patrulhamento ideológico, façam marcação cerrada para banir dos
postos de direção qualquer um que tenha consonância com opiniões majoritárias
do povo brasileiro, deles abominadas. Agem aqui os mesmos germes causadores das
perseguições que mataram milhões nos gulags da Rússia soviética e nos campos de
concentração da Alemanha nazista.
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