Más companhias
Péricles Capanema
Quinze minutos. O presidente Lula estará em Pequim (e ainda Xangai)
em fins de março. Ficará por lá quatro dias ▬ chegada, dia 27; volta, 30. O encontro
com Xi Jinping será no dia 28. Lula chegou a Washington por volta das 18 horas de
5ª feira, 9 de fevereiro. Encontro com Biden na 6ª, embarque da volta às 10h30 de
sábado. Informou Elizabeth Frawley Bagley, embaixadora dos Estados Unidos no Brasil:
“Devido a problemas de agenda apertada, a reunião entre o presidente Biden e o presidente
Lula estava prevista para durar 15 minutos. No entanto, durou mais uma hora”.
Apostas amargas. O que vem a seguir não são premonições, pressentimentos
ou visão. São hipóteses singelas, daqui a dias se verá se foram reais ou não,
meras conjecturas, enraizadas no hábito do tirocínio político. Decorrem do
costume antigo de mirar os fatos com detenção e análise. Não conheço a comitiva
que acompanhará Lula à China. Aposto, será maior, em especial mais expressiva, que
o séquito que o acompanhou a Washington. Nas entrelinhas, importância maior a
Pequim, menor a Washington. Houve frieza recíproca na visita de Lula a Washington.
Do lado norte-americano, muito justificável; o Brasil está se aproximando de
Cuba, Venezuela, Nicarágua, adversários dos Estados Unidos. E também se
aproxima da China. Do lado brasileiro, muito compreensível; o PT, desde o
nascedouro, está intoxicado de doutrinas e temperamento contrários aos Estados
Unidos ▬ abaixo o imperialismo ianque, fora com o capitalismo. Aposto de novo,
a segunda aposta: haverá cordialidade calorosa de ambas as partes na visita a
Pequim, ouviremos elogios enfáticos ao “modelo chinês” de parte de figuras representativas
da comitiva brasileira ▬ ali temos ditadura das mais implacáveis no mundo,
governo de partido único, política imperialista e expansionista. Não houve
elogios ao governo dos Estados Unidos e nem à sociedade norte-americana em
Washington ▬ nos Estados Unidos se respeita a liberdade, é regime protetor da iniciativa
privada e propriedade particular. Terceira aposta: os acordos assinados ou as
promessas de cooperação enunciadas serão de maior relevância em Pequim que em
Washington. Para finalizar, a reunião entre Lula e Xi Jinping não terá duração
prevista de 15 minutos.
Resvalo rumo à área de influência chinesa. O Brasil, processo já vem de décadas, está
deslizando rumo à área de influência chinesa. A estação final será o
protetorado real, efetivo, mas inconfessado. O governo petista irá acelerar
esse deslizamento, corrosivo mortal de nossa independência e soberania. A
viagem de Lula a Pequim, suposição minha, veremos, consolidará e dará velocidade
maior a tal processo. De momento está se consolidando uma aliança política e
também militar (acordo de cooperação) entre Austrália, Reino Unido e Estados
Unidos. Tem claro e louvável objetivo de conter o expansionismo chinês. Na
mesma direção, trabalham, Japão, Coreia do Sul, Taiwan; em certo sentido,
Índia. A guerra na Ucrânia deu ocasião a que países europeus e ainda o Canadá reforçassem
sua aliança com o Estados Unidos. Em suma, está em curso enorme conjunção de
esforços para proteger a independência, liberdade, mercado e iniciativa
privada. De outro lado, rumo contrário, também vai se constituindo, em torno de
Pequim, enorme aliança que envolve Rússia, Coreia do Norte, Bielorrússia,
Venezuela, Cuba, Nicarágua. O Brasil, infelizmente, cada vez mais, vai tomando posição
a favor dessa última aliança e, assim, desliza de forma incoercível rumo à área
de influência chinesa. A diplomacia brasileira, em calamitoso impulso de
exclusão e fechamento, distancia-se do mundo livre e abre-se ao mundo
totalitário. Dessa forma, tende a excluir seu povo, economia e sociedade de convívio
profícuo com as nações mais prósperas da Terra. Um sintoma, entre outros, o
governo petista congelou a entrada no Brasil na OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento), que engloba 38 países, 70% do PIB global e 80%
do comércio e investimentos no mundo. O IPEA estima que a entrada do Brasil na referida
organização acrescentaria 4% ao nosso PIB. É mais uma medida de empobrecimento,
que se junta a outras de mesmo efeito que acarretarão baixa no nível dos
salários, aumento do desemprego, retração de investimentos. Vem junto com a infausta
marcha rumo à condição de protetorado chinês, acima referido, efetivo, ainda
que inconfessado.
Más companhias. “Digam-me
com quem andas e eu te direi quem és”, ensina o provérbio popular. O Brasil
anda presentemente em más companhias, precisa urgentemente delas se distanciar,
mudar o rumo. Se continuar na presente toada, cada vez mais, afundaremos no empobrecimento,
autoritarismo, perseguição a opositores.
Basta ver os xodós do PT, Cuba, Nicarágua e Venezuela. Quanto à subserviência
em relação à China, a solução, viável em longo prazo, abominada pelos dirigentes do PT, hoje
encarapitados no governo, é fortalecer de forma crescente os laços com a
Comunidade Europeia, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Japão. Como, por
exemplo, vem fazendo a Austrália com êxito.
Acendamos
uma vela. Tratei da China.
Termino o artigo com três pensamentos de Confúcio, aplicam-se a nossos dias. Pequenos
passos ajudam muito: “até que o sol brilhe, acendamos uma vela na escuridão”. Segundo,
conjunção de esforços com pessoas ativas: “De nada De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos”. Finalmente, o terceiro: “o homem superior atribui a culpa a si próprio; o
homem comum, aos outros”.
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