Nem só roubalheira
Péricles Capanema
Rato magro. Lá atrás, Roberto Jefferson chegou duro: “rato magro,
essa gente que assaltou o Brasil”. Completou: “PC Farias é aprendiz de
feiticeiro ante essa gente que assaltou o Brasil”. Não falava só de dirigentes
e militantes do PT. Mas o foco era a cumpanherada.
Nunca antes na história destepaiz tantos ratos esfomeados devoraram impunemente
tanto do tesouro público. A preocupação dominante da maior parte dos que agora têm
horror do governo Dilma (são contra tudo o que está aí) é a roubalheira
promovida Brasil afora pela petralhada, ratos esfomeados que faz anos assaltam os
cofres da Petrobrás e de outras estatais. O mesmo horror engloba o
aparelhamento do Estado e os políticos que lotam de afilhados a administração
pública. Terrível; mas a tragédia maior está longe daqui.
Projeto de poder. Tem coisa pior. A grana rapinada nas estatais não
é apenas devorada por ratos magros. O PT com ela financia campanhas eleitorais
e compra apoios; outro modo, usa a dinheirama para conservar o poder e, por
etapas, chegar à hegemonia política. Generalizou até um tipo novo de propina: a
propina legalizada, aprovada pelo TSE. Um dos meios: a empresa é autorizada a
superfaturar e promete uma porcentagem do lucro ilícito. Doa legalmente ao
partido a quantia combinada. E o TSE aprova as contas. De fato, a maior parte da
gaita roubada tem essa mira: a perpetuação da cumpanherada no poder. Age como saúva: saqueia tudo que encontra
para o bem do formigueiro. Para se perpetuar no poleiro, com a dinheirão furtado
e distribuindo fatias de poder, o PT utiliza largamente os companheiros de
viagem e os inocentes úteis. Sem eles, nada seria possível. Também é terrível,
mas a tragédia maior está ainda longe daqui.
A finalidade do projeto de poder. É o ponto menos falado, o mais
decisivo porém. A conquista do Estado é meio, nunca fim. O fim é impor um tipo
humano novo, igualitário, ateu, libertário, vivendo em comunidades
coletivistas. Esse objetivo revolucionário, desde sempre e sem rebuços proclamado
em ocasiões apropriadas como meta por correntes abrigadas nas mais variadas
organizações, é o que anima o setor mais dinâmico e viperino do PT. Mesmo entre
seus filiados é mira a ser explicada com cuidado, pois a maior parte deles não
são revolucionários profissionais; é constituída de aproveitadores, inocentes
úteis e companheiros de viagem. Ou seja, o partido reproduz internamente as
situações das correntes que, de fora, favorecem o projeto petista. A minoria
mais intelectualizada, ativa e virulenta (em última análise, a que dita o
rumo), com olho na possibilidade de momento, vai dosando a implantação do
ideário. Quem são eles? Comunistas, em geral gradualistas, marxistas ou não,
pouco importa, tomados de forma fanática pelo valor supremo da igualdade e
agindo com enorme prudência. Querem para agora o que seus congêneres perseguem no
mundo inteiro e em parte implantaram, ainda que precariamente: um Estado
totalitário e coletivista, que trabalhe intensamente para acelerar a chegada do
comunismo. Lênin, Stalin, Mao, Fidel, Che Guevara, ícones de petistas, aqui
alguns dos exemplos. São como a sucuri; sufocam a sociedade, atrofiam-na.
De alto a baixo da sociedade
brasileira já existe o pavor do aperto da cobra. A reação vai ser vitoriosa?
Ou, infelizmente, vai se esvair como por ocasião do CANSEI? Ou como em 2013? É hora
do olhar mais fundo.
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