Os drones que podem
nos atacar
Péricles Capanema
Até agora ninguém informou direito o que aconteceu no
sábado com Nicolás Maduro enquanto presidia a comemoração dos 81 anos da Guarda
Nacional. O mandatário grita que foi atentado a partir de drones. Contudo, nenhum
dos onze jornalistas presentes à cerimônia viu os tais drones. Uns garantem, houve
incêndio em apartamento próximo ao desfile. Outros, explodiu botijão de gás
dentro de um apartamento. Katherine Pita, moradora de prédio chegado ao local
do desfile, nega a tal explosão do botijão. Afirmou: “Apenas um drone caseiro
que se chocou contra o edifício e explodiu”. Parece que era um dos drones que
filmava o desfile. Luís Salamanca, cientista político venezuelano, afiança que
“ninguém sabe exatamente” o que aconteceu “nem mesmo o governo”.
Nicolás Maduro aproveitou-se do insólito do caso e pulou
para a frente da cena. Esgoelou que foi atentado terrorista para matá-lo com
participação dos Estados Unidos, Colômbia e ultradireita venezuelana. “O nome
de Juan Manoel Santos está atrás do atentado”, denunciou enfurecido. Começou a
prender adversários.
Claro, Estados Unidos e Colômbia negaram participação
na farsa. Juan Manoel Santos era na ocasião o presidente da Colômbia (entregou
o cargo dia 7, 3ª). Foi tão estapafúrdia a acusação que o ex-presidente preferiu
levar na esportiva: “Santo Deus! No sábado estava fazendo coisa mais
importante, o batismo de minha neta”. Lembrou a propósito uma desparafusada acusação
já antiga de que trabalhava em união com os serviços secretos britânicos e
concluiu: “Sempre achei que aquilo era o cúmulo da loucura, mas não, enganei-me;
ontem vi uma outra ainda pior, que estou em conluio com a inteligência dos
Estados Unidos e com a direita venezuelana, preparando complôs para assassinar
o presidente da Venezuela. No meu cargo, a gente desenvolve um couro de
crocodilo, depois vira couro de hipopótamo, precisa ter couro grosso”.
A oposição venezuelana assegura que tudo não passa de circo
montado pelo governo bolivariano para desviar a atenção da gigantesca crise
pela qual passa o país, culpa da dupla Chávez-Maduro e aumentar a repressão. Apenas
como lembrança, a inflação dos dois últimos anos, segundo o FMI, foi de
1.800.000%; isso mesmo, um milhão e oitocentos mil por cento. Continua
disparada.
Nenhum país sério deu ouvidos à pantomima montada em
Caracas. Demagogos e revolucionários rasgaram as vestes. O mais importante, a
Rússia de Vladimir Putin, de olho no petróleo da Venezuela e na possibilidade
de agir na América Latina. “Condenamos energicamente
uma tentativa de atentado contra o presidente da República Bolivariana da
Venezuela, perpetrado no dia 4 de agosto, que provocou sete feridos”, foi a
solidariedade do governo o russo.
Cuba andou na trilha de Vladimir Putin. “Este ato de terrorismo, que pretende desconhecer a
vontade do povo venezuelano, constitui nova tentativa desesperada de conseguir
pela via do magnicídio o que não conseguiram obter em múltiplas eleições”,
consta da extensa nota divulgada pelo ministério das Relações Exteriores da
ilha-cárcere.
Bolívia,
no mesmo rumo: “Repudiamos energicamente uma nova agressão e covarde atentado
contra o presidente Nicolás Maduro e o povo bolivariano. Depois do fracasso em
seu intento de derrubá-lo democrática, econômica, política e militarmente,
agora o império e seus servidores atentam contra sua vida. Esta tentativa de
magnicídio, delito de lesa-humanidade, mostra o desespero de um império
derrotado por um povo valente. Nossa solidariedade. Força irmão presidente
Maduro e povo bolivariano!”, delirou Evo Morales.
Na mesma
direção desembestaram Irã, Turquia, Síria, Nicarágua, todos, como se vê, modelos
impolutos de respeito aos direitos humanos.
O
movimento narcoterrorista FARCS (antes sigla de Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia, de momento sigla de Força Alternativa Revolucionária do Comum que agora
protesta pisar via pacífica, e não consegue credibilidade quando blasona distância
do tráfico das drogas) fez defesa altissonante de Maduro: “Rechaçamos e
condenamos este grotesco atentado pessoal. É a mais séria tentativa de
assassinato de Nicolás Maduro”.
E no
Brasil? Os aliados e amigos das FARCS, Cuba e assemelhados não poderiam deixar
de aproveitar a ocasião de apoiar o bolivarianismo. O PT, por meio de sua Secretaria de Relações Internacionais, fez causa comum com a trupe
acima: “Rechaçamos as pretensões de violência que buscam alterar as decisões
democráticas do povo da Venezuela, atentam contra a paz na Venezuela e na
região latino-americana e caribenha”.
Perfilou-se
também o PC do B: “O chamado Grupo de Lima, do qual faz parte, do qual faz parte o ilegítimo governo brasileiro, transforma a
Venezuela em alvo constante de agressões diplomáticas, das quais se alimenta a
crise política interna e o recurso a métodos criminosos de oposição política”.
Acrescenta “o mais firme repúdio ao atentado dirigido contra a vida do
presidente da República Bolivariana da Venezuela".
Mais um
exemplo, o do MST, por meio da demagogia usual do chefe, João Pedro Stédile:
“As forças do capital no império dos Estados Unidos já assassinaram muitos líderes
populares na América Latina ao longo do século XX. Daqui do Brasil, em nome do
MST e de todos os movimentos populares reunidos na Frente Brasil Popular,
manifestamos nossa indignação em relação ao atentado e nossa solidariedade ao
presidente Maduro e ao povo venezuelano”.
Por que me
detive em tantos exemplos? Por razão da maior importância, será essa a
companhia do Brasil no cenário internacional, caso a esquerda vença as
eleições. O País, vulnerado por tais drones, se alinhará rapidamente com o que
há de pior.
A
propósito, acima falei da trupe que expressou solidariedade a Maduro. Termino transcrevendo
acepções de trupe, segundo o Dicionário Online de Português: “Corja, reunião de
criminosos, grupo de pessoas que prejudicam outras, escumalha, escória,
gentalha”. É só; que Deus nos proteja.
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