As
apostas arriscadas do PT
Péricles
Capanema
Tarso
Genro, ex-tudo, bamba do PT, chiou no twitter: “É constatação sobre decisão da
Presidenta: PT está fora das decisões principais do Governo. Que são as de
corte político e econômico. Outra constatação, para o bem e para o mal: PT é
cada vez mais acessório no governo. Não é nem consultado para medida dessa
envergadura.”
Tarso se
queixava da entrega da política para Michel Temer e da economia para Joaquim
Levy, sem o PT sequer ser consultado sobre as escolhas. É jogo de cena em
especial para o público interno. De fato, o PT continua com a mão no leme, e
sozinho, em áreas fundamentais. O experiente petista percebe, encantoado pelo
amazônico inchaço da indignação popular, é vergonhoso ser petista hoje no
Brasil, o governo se agarra nas duas boias para não afundar. Ou é isso, ou,
pela força das coisas, o impeachment
fica incoercível. Que me relevem a metáfora batida, entregou os anéis para não
entregar os dedos.
Vai dar
certo? Só Deus sabe. O petismo espera recompor a situação. As chances de
aprovar o ajuste fiscal nas duas casas do Congresso melhoraram com a saída dos
trapalhões e a entrada em cena de Temer. E está no forno uma rodada de
concessões de atividades econômicas à iniciativa privada. Distende. Ainda por
cima, no Congresso foram desativadas duas bombas. Uma, a CPI do BNDES no
Senado, arquivada, e com ela, entre outras, a investigação dos escandalosos
empréstimos a ditaduras comunistas como Cuba, ou já quase lá, como a Venezuela
bolivariana e tiranias africanas (o BNDES alega segredo comercial para
escapulir dos pedidos de esclarecimento). O Brasil, quebrado, torra dinheiro
alto; bota grátis a grana preta na mão de ditadores de esquerda (os empréstimos
nunca serão pagos, todo mundo sabe). Na Câmara, como reação, está em curso
tentativa de desarquivar o espinhoso assunto; vamos ver no que vai dar. Outra,
o arquivamento da CPI dos fundos de pensão das estatais, que investigaria
aplicações bilionárias, no mínimo suspeitas, feitas pela cumpanherada neles encarapitada.
A receita
trará num primeiro momento retração na economia, queda nos salários,
crescimento do desemprego. Daqui a alguns meses, tudo indica, virão melhoras no
emprego e na renda. E, por sua banda, Temer tem condições de evitar danos
irreparáveis no Congresso. Com isso, é a esperança dos dirigentes petistas, o
partido salva o possível do incêndio e mantém vivas suas chances para 2016 e
2018. De outro jeito, Lula ou um substituto voltam a ser competitivos, o PT
pode eleger alguns governadores e prefeitos, ademais de bancada federal
numericamente respeitável. Os maiores responsáveis pela virada? Na primeira
fila, Levy e Temer. Um pouco atrás, os que os acolitam nesse trabalho que leva
à recomposição da popularidade e estufa a cesta de votos, em particular figuras
de passado direitista como Kátia Abreu e Guilherme Afif, agora na melancólica
posição de companheiros de viagem. Líderes assim continuam aceitos pelos seus
por apresentarem uma contrapartida: tiram do papel e atendem certas
reivindicações antigas. E assim, na superfície, favorecem as causas sempre
defendidas por eles. Em profundidade, com a desorientação que causam, dissolvem
resistências contra a avalanche demolidora.
Infelizmente
também contribuem para a recomposição vozes oposicionistas relevantes que
desnorteiam e adormecem. O senador José Serra, em Harvard, afirmou ser “mais à
esquerda que o PT, partido reacionário”. Seguindo o raciocínio, o pior do PT é
não estar suficientemente à esquerda. E FHC, em Comandatuba, trotou na mesma
direção: “O PT é um partido importante, gente,
um partido que contribuiu em muitos momentos da vida brasileira”. Mesmo Aécio
que, prensado por bases insatisfeitas, está meritoriamente subindo o tom,
convocou o povo a ir às ruas com miadinho de fecho: “o Brasil merece
muito mais do que esse governo medíocre”. Parece
incrustada no DNA do PSDB uma maldição original, pedir desculpas ao PT por não
ser suficientemente de esquerda e, a contragosto, acuado por seus eleitores, se
ver compelido a fazer oposição, ainda que com luvas de pelica. O PSDB, para se
tornar barreira dura contra a investida demolidora, precisa se exorcizar urgente
dessa mancha congênita.
Se a recomposição petista vingar, e muita gente, consciente
ou inconscientemente está trabalhando para isso, lá na frente, a demolição do Brasil poderá
continuar por mais alguns anos, tendo como base êxitos eleitorais, trombeteados
como sintoma da força da esquerda.
Viro a
página. Em pontos decisivos o PT não bate em retirada; está agora, na aparente
derrocada, ganhando o jogo, manteve o governo compartimentado, áreas enormes
entregues de porteira fechada ao que o PT e aliados da extrema esquerda têm de
mais virulento e ativo. À vera, não existe coligação, mas governo de
compartimentos. Persistindo segmentos estanques, é fraude falar em coligação, e
mero flatus vocis a reivindicação de
líderes do PMDB de que não desejam cargos mas participação na formulação
política. Agredir os Estados Unidos, o maior mercado do mundo, e financiar
esmolambadas ditaduras comunistas, combate a pobreza? Assim também o paulatino
aparelhamento do Supremo, o financiamento dos blogues sujos. São políticas
sociais? A coligação só teria direito autenticamente a esse nome com a extinção
dos compartimentos e a instauração de uma só e coerente política de governo.
Ainda por cima vemos o aproveitamento velhaco de oportunidades para fazer
avançar a agenda da esquerda.
Na
educação, exemplo recente. Cid Gomes, político de carreira, boquirroto
incontenível, passou pelo PMDB, PSDB, PPS, PSB e atualmente estaciona no PROS.
Foi uma espécie de sombra do irmão Ciro Gomes, que começou na direita
universitária, foi para o PDS (sucessor da ARENA), depois PMDB, PSDB, PPS, PSB;
de momento, também parqueado no PROS, é secretário da Saúde da administração cumpanhera do Ceará. Cid Gomes perdeu o
cargo por ofensas gratuitas aos deputados. Quem o substituiu no importante
ministério da Educação? Renato Janine, intelectual revolucionário, com
potencial de estrago sem comparação maior que o de Cid Gomes. Terceirização? O
petismo carnívoro ganhou na troca.
Adiante.
Frei Betto, na declaração de apoio a Dilma, afirmou o seguinte: “Darei meu voto à
Dilma para preservar a política externa do Brasil, soberana e independente”.
Foi a primeira razão, depois despejou uma carrada de motivos. O frade
dominicano conhece fundo os interesses da revolução socialista. Vou pôr em
português claro: “Darei meu voto a Dilma porque ela agride interesses vitais
dos Estados Unidos, bafeja ditaduras socialistas.” Na linguagem rançosa bolchevista, os Estados
Unidos são o “inimigo principal”, vale tudo para prejudicá-lo. Isso deixa frei
Betto eufórico. Com sua ação, o Brasil contribui para a sobrevida do comunismo
em Cuba, estimula a situação revolucionária na Argentina, Equador, Bolívia,
Equador e em tantos outros países. Beneficia a expansão imperialista do
autocrata Putin, ajuda a revolução iraniana. São de fato objetivos da coligação
de governo ou metas internacionalistas da agenda petista? A política externa é
compartimento fechado; o ministro Mauro Vieira um tanto de vezes serve de
biombo para a ação revolucionária do radical Marco Aurélio Garcia, porta-voz
frequente do que o PT tem de mais tóxico. Terceirização?
Kátia Abreu no Ministério da Agricultura também serve
de biombo. O que é biombo no caso? Uma defensora da propriedade rural no ministério,
ainda que cerceada, aquieta, anestesia, leva muita gente a não ter o horror
merecido à reforma agrária, à entrega de terras aos supostos quilombolas, à
demarcação arbitrária e abusiva de terras indígenas. E ainda torna mais fácil a
agressão contra produtores rurais pelas milícias expropriadoras encasteladas no
MDA e no INCRA.
Para o Supremo, Dilma Roussef escolheu o prof. Luiz
Fachin, entre as várias candidaturas aventadas, a que mais exala o bodum
petista. Em 2010, ao declarar voto em Dilma Roussef, na companhia dos hoje ministros Aloizio Mercadante e José
Eduardo Cardozo, Fachin se jactou ser dos juristas que “tomaram lado”. Homem
que tem lado, está na bica de vestir a toga de juiz do Supremo. Coligação ou governo
monocrático.
Em
1917, nos estertores do czarismo, o maior perigo para o futuro da Rússia não
estava em Lênin. Morava na atitude otimista e desleixada de políticos burgueses
como Kerensky, adormeciam a reatividade; irresponsavelmente abriram caminho
para a servidão do povo a um partido de doutrina totalitária e coletivista. O
riso antecedeu a algema. Pode ser igual no Brasil, depende de cada um de nós.
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