Anemia do abril vermelho
Péricles Capanema
Desde 1997 o MST
promove o abril vermelho. Financiado com dinheiro público, o gigantesco show de
agitações reclamou sempre a radicalização da reforma agrária e a implantação de
outras pautas da esquerda, etapas para a sonhada sociedade socialista (caminho
para a presente situação da Venezuela, na realidade). O MST, na linha de
frente, era ajudado em particular pela CPT e INCRA, trinca do barulho..
Há
muitos lustros o agro tem sido atacado por vários meios ▬, um dos quais,
invasões de fazendas ▬, em especial pela ação concertada dessas três entidades.
O MST (primeira), organização comunista, braço do PT, e a CPT (segunda),
extrema-esquerda eclesiástica, protegida pela CNBB (à vera, não apenas
protegida, é órgão dela). A terceira, o INCRA.
Nos
governos de esquerda, no INCRA diretoria, superintendências e enxames de
funcionários solícitos encarniçadamente conluiados com PT, MST e CPT agrediam a
propriedade particular no campo. No governo Temer, infelizmente continuou o
INCRA a favorecer objetivos do MST (um pouco menos escancaradamente). Agora,
sofreu uma trava. Continuam, porém, agentes do órgão em obstinada atuação
deletéria, papocam aqui e ali funcionários efetivos e superintendências empurrando
no rumo antigo. As três organizações formaram na prática um pactum sceleris (formaram no passado; a
realidade ainda existe hoje, diminuída).
Assomou
para desgraça do Brasil respiro importante para o MST. Em encontro com
representantes da organização criminosa em fevereiro passado, Rodrigo Maia,
presidente da Câmara, comprometeu-se a não pautar (colocar para votação)
projetos que o criminalizem. Criminalizar a atuação do MST ficou para as
calendas. Foi promessa de campanha ▬ espera-se que apenas de momento arquivada.
“Toda ação do MST e do MTST deve ser tipificada
como terrorismo”, repetia o candidato Jair Bolsonaro. Com o incumprimento do
compromisso, o MST preservaria suas possibilidades de ação no futuro.
Amarelou em 2019 o
abril vermelho. Só pequena agitação em Salvador, onde um petista, Rui Costa, é
inquilino do Palácio de Ondina. A própria Abin não julgou necessário alertar o
governo sobre possíveis agitações. Por quê?
Porque o abril
vermelho desde sempre foi show totalmente artificial, viveu do dinheiro público.
Não representa em nada o sentimento do homem do campo. Em parte, o INCRA, por
causa da nova direção, já não impulsiona abertamente a ação concertada do
MST-CPT. Ficaram ainda focos infeccionados, já disse. O presidente Jair
Bolsonaro apontou outro fator: “Incra
registra só 1 ocupação no 1º trimestre diante 43 ações no mesmo período de
2018. O MST está mais fraco pela facilitação da posse de armas, iniciativa que
terá derivações pelo governo, falta de financiamento do setor público e de ONG”.
O ponto maior é esse, faltou dinheiro público para o abril
vermelho. Por exemplo, acabou a farra dos convênios. Contudo, estão intactas as
leis e, em boa medida, as estruturas utilizadas pelas mencionadas três
organizações. A anemia acabará no dia em que o dinheiro público voltar a fluir.
Lamento prever, gostaria
de estar errado, mas vai continuar intacta a legislação e boa parte das
estruturas. Não é politicamente correto acabar com a infecção. Temos no Brasil tumores
de estimação. São cancerígenos, matam as possibilidades de avanço, prejudicam
os pobres, mas são nossos tumores de estimação. Um dos mais virulentos é o
programa da reforma agrária.
É, repito,
politicamente incorreto enunciar o óbvio ululante: desde o início, lá pelos
anos 60, a implantação da reforma agrária representou retrocesso monumental, um
atraso de proporções amazônicas. Se nunca no Brasil se tivesse falado de
reforma agrária, os pobres hoje estariam mais bem de vida no campo e na cidade,
os alimentos estariam mais baratos, seríamos hoje potência agrícola mais
poderosa. E as montanhas de dinheiro que foram desperdiçados no programa maluco
poderiam ter atendido larga e beneficamente a saúde e a educação.
Inexistisse o xodó
pelo tumor, a medida mais comezinha e lógica seria acabar imediatamente com o
programa da reforma agrária. Aqui não. E continuam as declarações bestas do
tipo: “Vamos aplicar a legislação, o programa da reforma agrária não parou, vai
ficar sério”. “Vamos aproveitar os lotes abandonados”.
Todos sabem, são
centenas de milhares de lotes com contratos de gavetas, abandonados, empregados
para outros fins, produtividade baixíssima. Já foram utilizados 880 mil
quilômetros quadrados nessa doidice (o Estado de Minas Gerais, 586. 528 km2,
área do Rio Grande do Sul, 281.748 km2; soma dos dois 868.266 km2). Ou seja, se
somarmos a área de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul não dá a área
esperdiçada na maluquice do programa de reforma agrária (disseminação de
favelas rurais, roubalheira, pobreza, clientelismo de movimentos sociais). O
agronegócio salva a economia brasileira, garante a balança comercial, distribui
riquezas, dá empregos. Sabem com que área? Vejam esse dado: em 2016, a Embrapa Territorial havia calculado a
ocupação com a produção agrícola em 7,8% (65.913.738 hectares. 659.137
km2.
Relatório do TCU de
2016 indicava que o valor das áreas com indícios de situação irregular dentro
do programa de reforma agrária era de R$159 bilhões, utilizada a avaliação do
IBGE. Se for em valor de mercado, pode facilmente chegar a R$300 bilhões. Terra
tratada na esbórnia, na desorganização, no desconhecimento. Advertia que
bilhões de reais emprestados poderiam não ser pagos (claro, nunca foram). Vejam
o disparate nas palavras do relatório do TCU: “Conforme informado pelo INCRA,
os créditos eram concedidos a estruturas associativas formais ou informais e
distribuídos entre os integrantes dos PAs (projetos de assentamento), não
havendo registro individualizado organizado sobre quem recebeu os créditos, ou
seja, o prejuízo pode ser muito maior.” Entenderam? Sociedades informais
(patotas de privilegiados dos movimentos sociais), sem registro individualizado
recebiam dinheiro público.
R$300 bilhões de
terras na bagunça. Coloque os empréstimos não devolvidos, os perdões de
dívidas, a assistência técnica estatal para aproveitadores, o controle tirânico
dos assentamentos pelos agentes do MST, a venda ilegal de madeira. Os escândalos
do mensalão e do petrolão são fichinha perto do escândalo do programa da reforma agrária.
Mas, é claro, não se
pode extinguir o programa. Razão técnica? Nenhuma. Não aumenta a produtividade.
Razão social? Nenhuma. Piora a situação dos pobres. Razão de paz social?
Nenhuma. Tensiona a região em que se implantam os assentamentos. Mas trona e
sobrepassa tudo uma razão inamovível. É tumor de estimação. Tumores de
estimação são intocáveis.
Um comentário:
Achei interessante. https://listapa.com.br/
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