quarta-feira, 15 de março de 2023

Más companhias

 

Más companhias

 

Péricles Capanema

 

Quinze minutos. O presidente Lula estará em Pequim (e ainda Xangai) em fins de março. Ficará por lá quatro dias ▬ chegada, dia 27; volta, 30. O encontro com Xi Jinping será no dia 28. Lula chegou a Washington por volta das 18 horas de 5ª feira, 9 de fevereiro. Encontro com Biden na 6ª, embarque da volta às 10h30 de sábado. Informou Elizabeth Frawley Bagley, embaixadora dos Estados Unidos no Brasil: “Devido a problemas de agenda apertada, a reunião entre o presidente Biden e o presidente Lula estava prevista para durar 15 minutos. No entanto, durou mais uma hora”.

 

Apostas amargas. O que vem a seguir não são premonições, pressentimentos ou visão. São hipóteses singelas, daqui a dias se verá se foram reais ou não, meras conjecturas, enraizadas no hábito do tirocínio político. Decorrem do costume antigo de mirar os fatos com detenção e análise. Não conheço a comitiva que acompanhará Lula à China. Aposto, será maior, em especial mais expressiva, que o séquito que o acompanhou a Washington. Nas entrelinhas, importância maior a Pequim, menor a Washington. Houve frieza recíproca na visita de Lula a Washington. Do lado norte-americano, muito justificável; o Brasil está se aproximando de Cuba, Venezuela, Nicarágua, adversários dos Estados Unidos. E também se aproxima da China. Do lado brasileiro, muito compreensível; o PT, desde o nascedouro, está intoxicado de doutrinas e temperamento contrários aos Estados Unidos ▬ abaixo o imperialismo ianque, fora com o capitalismo. Aposto de novo, a segunda aposta: haverá cordialidade calorosa de ambas as partes na visita a Pequim, ouviremos elogios enfáticos ao “modelo chinês” de parte de figuras representativas da comitiva brasileira ▬ ali temos ditadura das mais implacáveis no mundo, governo de partido único, política imperialista e expansionista. Não houve elogios ao governo dos Estados Unidos e nem à sociedade norte-americana em Washington ▬ nos Estados Unidos se respeita a liberdade, é regime protetor da iniciativa privada e propriedade particular. Terceira aposta: os acordos assinados ou as promessas de cooperação enunciadas serão de maior relevância em Pequim que em Washington. Para finalizar, a reunião entre Lula e Xi Jinping não terá duração prevista de 15 minutos.

 

Resvalo rumo à área de influência chinesa. O Brasil, processo já vem de décadas, está deslizando rumo à área de influência chinesa. A estação final será o protetorado real, efetivo, mas inconfessado. O governo petista irá acelerar esse deslizamento, corrosivo mortal de nossa independência e soberania. A viagem de Lula a Pequim, suposição minha, veremos, consolidará e dará velocidade maior a tal processo. De momento está se consolidando uma aliança política e também militar (acordo de cooperação) entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. Tem claro e louvável objetivo de conter o expansionismo chinês. Na mesma direção, trabalham, Japão, Coreia do Sul, Taiwan; em certo sentido, Índia. A guerra na Ucrânia deu ocasião a que países europeus e ainda o Canadá reforçassem sua aliança com o Estados Unidos. Em suma, está em curso enorme conjunção de esforços para proteger a independência, liberdade, mercado e iniciativa privada. De outro lado, rumo contrário, também vai se constituindo, em torno de Pequim, enorme aliança que envolve Rússia, Coreia do Norte, Bielorrússia, Venezuela, Cuba, Nicarágua. O Brasil, infelizmente, cada vez mais, vai tomando posição a favor dessa última aliança e, assim, desliza de forma incoercível rumo à área de influência chinesa. A diplomacia brasileira, em calamitoso impulso de exclusão e fechamento, distancia-se do mundo livre e abre-se ao mundo totalitário. Dessa forma, tende a excluir seu povo, economia e sociedade de convívio profícuo com as nações mais prósperas da Terra. Um sintoma, entre outros, o governo petista congelou a entrada no Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento), que engloba 38 países, 70% do PIB global e 80% do comércio e investimentos no mundo. O IPEA estima que a entrada do Brasil na referida organização acrescentaria 4% ao nosso PIB. É mais uma medida de empobrecimento, que se junta a outras de mesmo efeito que acarretarão baixa no nível dos salários, aumento do desemprego, retração de investimentos. Vem junto com a infausta marcha rumo à condição de protetorado chinês, acima referido, efetivo, ainda que inconfessado.

 

Más companhias.  “Digam-me com quem andas e eu te direi quem és”, ensina o provérbio popular. O Brasil anda presentemente em más companhias, precisa urgentemente delas se distanciar, mudar o rumo. Se continuar na presente toada, cada vez mais, afundaremos no empobrecimento, autoritarismo, perseguição  a opositores. Basta ver os xodós do PT, Cuba, Nicarágua e Venezuela. Quanto à subserviência em relação à China, a solução, viável em longo prazo,  abominada pelos dirigentes do PT, hoje encarapitados no governo, é fortalecer de forma crescente os laços com a Comunidade Europeia, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Japão. Como, por exemplo, vem fazendo a Austrália com êxito.

 

Acendamos uma vela. Tratei da China. Termino o artigo com três pensamentos de Confúcio, aplicam-se a nossos dias. Pequenos passos ajudam muito: “até que o sol brilhe, acendamos uma vela na escuridão”. Segundo, conjunção de esforços com pessoas ativas: “De nada De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si  mesmos”. Finalmente, o terceiro: “o homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros”.